segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Transtorno Bipolar, será?

É...começo a acreditar que a vida realmente nos prega peças. E das grandes! Convivi um bom tempo achando que eu tinha/tenho TDAH e agora na verdade estou recebendo um novo diagnóstico: TAB - Transtorno Afetivo Bipolar ou na nomenclatura antiga: Psicose Maníaco Depressiva. Estou bem cansada e sinto-me muito mal, com muitas coisas e com outras que nem sei explicar. Li um livro chamado "Uma mente Inquieta" um relato de uma psiquiatra que tem o transtorno e conta a sua história neste livro e todas as dificuldades pelas quais passou. Me identifiquei bastante com tudo aquilo, parecia até bem mais real do que só os esquecimentos, a falta de direção espacial e a falta de concentração que tenho todos os dias. Depois assisti a um filme chamado "O Solista" que conta a história de um esquizofrênico que estudava música na Julliard e acabou indo parar nas ruas por conta das crises que ele sofre frequentemente. Um jornalista tenta ajudá-lo e percebe no fim de que por maior que seja a vontade há variáveis que estão fora de controle e não se pode antecipar-se a elas. Já li "Nascido num dia azul" um relato intrigante, emocionante, ao mesmo tempo sensível e forte de um cara que tem a Síndrome de Asperger. Também participei de sessão em um CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), também fui para no Wassily Chuc, primeiro lugar que me confrontou com a dura realidade de quem sofre de transtornos mentais: policiais armados nas portas e um corredor que dá para as salas contendo grades. Isso mesmo: grades. Perguntei o motivo e me disseram "Por causa das crises, alguns aqui são bem agitados, não temos como controlar". Ouvi de um menino com TDAH de que o sonho dele era ler um livro até o final e depois conseguir contá-lo a outra pessoa, também li vários depoimentos sobre pessoas inteligentíssimas e que ao mesmo tempo não conseguem parar em um mesmo emprego por mais de 3 meses. Foi quando eu me dei conta de quanta dor ronda o próprio paciente, ciente de sua doença, e também da família, amigos e companheiros. Eu vi de perto e também pessoalmente milhares de sonhos frustrados e de momentos perdidos em crises de ansiedade, pânico, fobia e mania. E agora me dou conta com um pouco mais de clareza de como su abençoada por ter consciência de tudo o que me acontece e acontece ao meu redor, da minha capacidade intelectual, do meu esforço quase astronômico em sobreviver às minhas crises, anseios e ideias de projetos mirabolantes. Ao mesmo tempo de como posso realmente ser útil a essas pessoas, que sofrem tanto, se eu me permitir escrever um blog ou livro quem sabe? Para o outro entender, compreender, aceitar e principalmente repeitar essas mentes cujos neurotransmissores caminham por lugares diferentes e muitas vezes insistem nesses caminhos que não são muito aceitáveis na nossa sociedade. Gostaria de fazer Psicologia, mas o curso é integral, então estou pensando realmente em um mestrado nessa área. Quero ser alguém notável nessa área e sei que posso. O meu objetivo vai ser realmente o aprender a lidar com a dor. A dor de uma crise, a dor de uma família desestruturada por conta de um transtorno, a dor da perca de uma relação amorosa, a dor de não ser compreendida nem ouvida, a dor de sobreviver dia após dia, com ou sem medicação, com ou sem terapia, com ou sem os dois ao mesmo tempo. Lembro-me de uma das minhas primeiras sessões de psicoterapia em que eu me comparei a uma pessoa com deficiência nas pernas. As pessoas têm um certo "respeito / consideração" por deficientes físicos porque são deficiências visíveis aos olhos. Mas uma deficiência mental não é visível e quando alguém como eu que formou em uma excelente universidade e especializou em uma das melhores instituições do país, que tem um bom cargo no trabalho, carro e deu entrada no apartamento aos 26 anos, bom, fica um pouco difícil de perceber o sofrimento por trás de tantas prerrogativas de "sucesso". Então eu falei para a minha psicóloga que eu não queria que as pessoas me entendessem nem gostaria de ser diminuída em termos de capacidade ou mesmo que tivessem "dó" de mim, mas que era bastante difícil passar por tudo isso e eu tinha pressa, muita pressa de que tudo isso "fosse resolvido". Ela então me disse que o problema é que "eu sou uma pessoa sem perna querendo correr como se tivesse uma". Chorei muito nesse dia e foi nesse dia em que eu aceitei a minha condição, passei a entender as minhas limitações e principalmente a confiar e abusar dos meus pontos fortes. Afinal, se ninguém é perfeito, as "imperfeições" postas pelos transtornos mentais (sejam eles quais for) na verdade podem ser vistos como uma "falta de habilidade" em algum ponto específico. Então ninguém precisa entender efetivamente os reais motivos de eu não entender planilhas, demorar para entender piadas, números e decorar telefones ou endereços. Ou mesmo porque eu sempre me perco no shopping ou nunca sei onde estacionei o carro, pior: sair deixando as chaves dentro do carro ou os faróis acesos. Depois, minha terapeuta, a Dra. Leila, disse simplesmente "Você tem que tocar nessa perna, sentir como ela é, depois colocar uma prótese ou andar de muleta e devagar, aos poucos, você vai aprendendo a andar, você pode até cair, mas daqui a pouco você está correndo! Talvez não da forma e não com a mesma velocidade de uma pessoa 'normal', mas você vai ter aprendido a lidar com isso e vai correr". Aí eu entendi o processo da coisa toda. Aprender a lidar, ficar de pé, andar e depois correr, ou seja: paciência, dedicação e determinação para chegar lá. Agora quanto a eu ser bipolar ou ter TDAH, pouco importa. O processo será o mesmo: cheio de dor e cheio de vitórias se eu quiser. Se eu correr atrás disso.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Maldito seja o TDAH!

Estou triste hoje, tão triste que a dor parece não caber no peito. Tenho vontade de gritar, mas tenho tentado me conter para que a dor não beire ao insuportável. Tenho tentado suportar esta vida estável em meio a tanta instabilidade. Manter-me no mesmo emprego, manter-me com o mesmo namorado, terminar os projetos que comecei, não ter crises. Às vezes sinto que nem sou mais eu mesma...Estive namorando mas para não variar ele me traiu e eu acabei terminando não por despeito, mas por buscar uma certa dose de respeito. Um homem mais velho, o dobro da minha idade, então eu fico me perguntando se de fato não estava procurando mais afeto do que paixão. Talvez algo mais próximo a uma amizade gostosa ao invés de uma paixão vulcânica. Meu ex-namorado está noivo e feliz. Meu coração este ano bateu pela pessoa errada e esta pessoa agora está feliz gritando aos quatro cantos e quase pedindo para as pessoas retwitarem a sua felicidade. Amor agora deixou de ser íntimo para se tornar público. Deixou de ser encontro pessoal para ser cada vez mais virtual. E falar de Amor parece algo tão batido neste mundo louco que nem mais dizer o que é, talvez porque não o sinta há muito tempo. Quase deixei meu emprego, estava enlouquecendo fazendo coisas e lidando com pessoas desalinhadas com a minha lógica. Montei uma empresa e agora estou fechando-a para ser gerente de marketing de uma Rede de restaurantes em fase de expansão nacional. E eu que sempre quis ser grande, de fato, estou me sentindo tão pequena...tão só, tão perdida, tão confusa. Àsvezes tenho vontade de morrer, outras de sumir como diz minha mãe. Acho que estou cansada de tentar lutar contra todas as perturbações que o TDAH me traz. Me sinto emocional, intelectual e fisicamente cansada, é como se eu não tivesse mais forças para suportar. É como se eu estivesse remando contra uma violenta correnteza e estivesse perdendo a fé. Em tudo e em todos, inclusive em mim mesma. Hoje tivemos que demitir dois funcionários, nunca passei por isso. Foi dolorido, exaustivo, talvez também porque eu tenha sofrido tantas vezes e tenha visto tantas vezes esta mesma cena comigo. É sempre a mesma coisa: eles te chamam numa sala, muitas vezes a mesma em que você foi contratada, e então expõem motivos e de uma hora para outra você simplesmente não está mais na empresa - mesmo que tenha dado o seu sangue. São tantos desafios para o ano que vem! Agora estaremos com uma agência de propaganda fazendo este serviço que era interno, terei meu braço direito e serei o braço direito do meu diretor - uma pessoa fantástica a quem eu tenho uma gratidão tão grande que às vezes me pergunto se isso não beira à loucura. Talvez porque mesmo que ele não saiba, ele me salvou. De crises, de um mundo de fantasmas, de projetos inacabados, de traumas por tantas demissões, de mim mesma. Me entendeu, teve humanidade suficiente para compreender os meus limites e não me diminuiu por isso. Agora estou aqui, sentada nesse imenso vazio desta empresa, me sentindo tão só e mais só ainda por dentro. Serão muitos desafios e eu sofro antecipadamente por tanta responsabilidade. Ao mesmo tempo uma oportunidade de reposicionar e posicionar uma marca, ganhando credibilidade profissional. Mas de que adianta tanta credibilidade se meu coração ainda hoje sofre? Não entendo por quê, queria perguntar a Deus que raios de vontade é essa de não sei o quê, de fazer não sei o quê e sentir não sei o quê. Acho que quando se está perto dos 30 tendemos a sentir mais falta de alguém ao lado para dormir junto, fazer um carinho ou contar as coisas do dia. Tenho saudade de um tempo em que andei de mãos dadas, cumprimentava com um selinho e dividia um pão à tarde. Tenho saudade de um riso, de uma ligação, de receber uma mensagem, ouvir eu te amo...Será esta a fase de intersecção entre a genialidade e a loucura? Talvez. Incógnita: assim sempre foi a minha vida. Estou triste, muito triste e não sei bem dizer por quê, só sei que sinto e dói. Só sei que dá vontade de chorar, mas talvez por já ter chorado tanto e tantas vezes as lágrimas me faltem. Não consigo chorar nem sorrir, nem animar nem desesperar. Tudo ficou imparcial, meu ser se tornou indiferente e o mundo virou commoditie. ..Sim, meu coração está aos pulos, minha mente dói, tenho vontade de dormir mas quando fecho os olhos não sonho. Também perdi os sonhos, meus momentos de fuga, perdi os pontos de tensão do meu próprio desenho, não reconheço mais meu próprio corpo. Estou gorda, com espinhas, cansada e feia. Mas as pessoas ao meu redor dizem que estou linda. Um rapaz daqui do trabalho me chama de "Bela". Que beleza ainda tenho? Minhas rugas estão aparecendo, mas mais fortes que estas rugas externas estão sendo as cicatrizes internas, do meu coração. É bem difícil viver no século XXI. Queria ter nascido no século XIX, é isso. Acho que é isso...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O fim da montanha-russa amorosa de uma DDAHI.

Então, depois de passar um tempo aqui sem escrever volto para dizer de um fardo que tirei das minhas costas: conversei com aquele que pensei que seria um anjo descido dos céus e percebi que ele, na verdade, não é assim uma Brastemp, não é essa Coca-cola toda, nem a última bolacha do pacote. Percebi, por fim, que a minha carência estava tão grande que não pude perceber isso e ao invés de me amar e de escolher, aceitei me machucar e me desesperei sem ter por quê. Fiz uma oração e um pedido de desculpas de um longo parágrafo, que foi respondido com uma linha curta. E sem a resposta do pedido de desculpas...Era esse mesmo o cara que eu pensei ser a última gota de água do Saara? Estou decepcionada comigo e decepcionada por não perceber que toda a minha vida amorosa não tem me trazido coisas boas simplesmente por conta do meu comportamento. Uma leitora minha sugeriu que eu lesse "Por que os homens amam as mulheres poderosas", no começo eu ri, achei graça e pensei "nunca leria um livro com um título desses". No entanto fui à livraria e lá estava o livro,em pé, na porta de entrada me chamando como um aviso, como um sinal. Acabei comprando-o e o achei absolutamente incrível, verdadeiro e que veio de encontro ao que estou passando profundamente. Muito obrigada por sua indicação, Melissa! Lá fala de todos os erros que cometemos sem perceber, o que falamos, como lidamos, como nos movemos em geral e como os homens querem no fundo que ajamos. Tive uma discussão também profunda com minha psicóloga a respeito. Entendi o afastamento do "anjo descido dos céus", o fato do Samy ter rompido nosso noivado e de tantos outros que me deixaram para ter algo sério com outra pessoa. O problema esá resumido em uma palavra que tirei de uma conversa agradabilíssima entre amigas: Postura. Ter postura é escolher antes de atacar para todos os lados, é não ser tão fácil e tão disponível, ter paciência para as coisas acontecerem, ser um "desafio mental" para o homem acreditar que está diante de alguém realmente "especial", é aquela coisa da caça e do caçador, quanto mais difícil maior o desafio e melhor a recompensa, além de mais duradoura. É não responder de imediato, não estar sempre pronta para qualquer pedido e a qualquer hora, não reclamar já na primeira semana nem fazer jantar a luz de velas antes do primeiro mês, muito menos fazer tudo já no primeiro dia. Porque assim acaba o desafio, não há nada a se descobrir, não há mistério. Como disseram minhas amigas "é clichê, mas é verdade". Portanto tenho errado a medida das coisas, agindo com extrema intensidade, facilidade e disponibilidade. Achava que estava demonstrando dedicação, quando na verdade estava me desvalorizando e tornando públicos minha carência, desespero, ansiedade e insegurança. Justo eu que me via como uma mulher poderosa...Agi sem poder nenhum. Homens gostam de mulheres decididas, que tem vida própria, que fazem escolhas que lhes convém, que usam do humor para safar de crises, que não corre atrás feito um "cahorrinho domesticado" e que se dá o valor, que sabe o momento de ceder e de dizer "não" firme e educadamente. Errei feio no jogo de sedução, por isso que não tenho parado com ninguém. A questão não é que não sou interessante, sou muito interessante! Sou inteligente, linda e de um papo ótimo. Faltou eu mesma acreditar nisso e ter essa postura auto-confiante, segura, determinada. É a coisa do amor-próprio que ficou em último plano, quando deveria estar no primeiro. Por que quem gostaria de ter um chiclete que faz tudo e a qualquer hora ao lado? Não tem graça, a qualidade cai e o reconhecimento é anulado. Daí não me verem como alguém para ser "levada a sério". Então eu perguntei: mas então tenho que deixar de ser eu?!? Minha amiga riu e disse: "você nunca vai deixar de ser você, mas você tem que ter auto-controle (então fico imaginando como alguém com TDAH vai ter auto-controle!) e segurar mesmo, esperar mais, senão não valoriza. Você é muito, muito intensa e isso assusta, afasta. Ainda tem toda a coisa de você ser ansiosa, da insegurança, da intensidade. Sou sua amiga e estou sendo sincera com você, te conheço há muito tempo e você não tem agido como alguém que ter algo sério". A outra amiga completou: "Eu mesma gosto muito de picuinha, mas me seguro para não ter confusão com namorado, seguro para não ligar toda hora, porque sei que isso não vai levar a nada. Coloca um estereótipo sabe? E não aceita menos do que isso, pensa em alguém que você queira, coloca isso na sua cabeça e não abre mão. É uma coisa de determinar, assim como você fez com seu trabalho. No dia que você resolveu mudar e ter postura as coisas mudaram. Vai ser assim também na vida pessoal". Quase chorei. Aí ela falou de como eu impressiono as pessoas, do quanto eu falo bem da minha profissão e o quanto as pessoas confiam no que eu digo. Aí ela emendou "Por que você não fala bem assim de você?" e eu friamente tive que responder "Porque a imagem que eu tenho de mim não é boa. Sou frustrada comigo mesma por não conseguir lidar com isso e não tenho boas coisas para falar de mim, ao contrário do meu trabalho". Foi uma noite e tanto! Depois comentei de um menino que veio atrás de mim e elas "Tá vendo? Eles já se acostumaram com isso. Vou ligar pra ela porque sei que ela vem". É triste...e pela primeira vez deixei alguém esperando sem correr atrás feito um cachorrinho domesticado (muito obrigada por me ajudarem no primeiro não meninas). Também decidi que é o momento de mudar. Muito seriamente, senão estarei sempre postando desabafos quando na verdade deveria estar postando alegrias. Vou ter que concordar com a frase que me foi respondida ao pedido de desculpas "acredite em Deus e nunca desista de encontrar a sua felicidade" e felicidade aqui significa parar as engrenagens da montanha-russa amorosa típica de quem tem TDAH. Questão de escolha e de postura. Então é isso: Eu me escolho antes de qualquer opção.

domingo, 1 de agosto de 2010

Paciência, paciência, paciência.

Este é o mantra de hoje. Foi uma semana bem conturbada e fui colocada à prova na área profissional. Recebi uma proposta para ganhar 4 vezes mais do que ganho hoje, mas em outro ramo e em outro Estado. Acabei por fim desistindo, porque pensei em várias coisas: minha terapia que está dando certo, meu inglês que começo agora em agosto, o francês também, a minha família, a oportunidade absurdamente incrível que estou tendo onde estou e tudo o que isso vai representar no longo prazo, a abertura da 1ª franquia, a autonomia e liberdade que tenho, minha flexibilidade de horários, o que tenho aprendido com meu diretor em termos de Liderança, motivação e o quanto ainda vou aprender e poder colocar em prática na área de processos organizacionais - imprescindível para uma gerente de Marketing e mesmo uma gestora de marcas (Branding). Dinheiro não é tudo e sei que daqui dois anos, ainda que esteja ganhando o mesmo tanto, vou estar muito mais preparada. E as propostas virão. Vou chegar mais cedo ou mais tarde de alguma forma ao salário astronômico que me fio oferecido. Lá a responsabilidade era bem maior, a equipe bem maior, os riscos bem maiores, as decisões teriam reflexos bem maiores, e a tolerância quanto a erros bem menores. Principalmente nas áreas de Planejamento e Organização, meu calcanhar de aquiles e de qualquer ser humano com TDAHI.

Mas foi uma prova de fogo porque alguém chegar e dizer "quer ganhar o quádruplo do que você ganha hoje com equipe formada e em uma empresa que é a maior do ramo no Brasil?" e dizer não, vamos combinar: é muito difícil. E a palavra que resume tudo isso e outros desafios que tenho enfrentado é: paciência. Hoje também fiquei sabendo que "aquele príncipe" que havia conhecido e que esperava voltar agora está namorando outra garota. E assim tem acontecido na minha vida amorosa: ou tenho sido traída ou tenho sido trocada. Ainda não entendi o por quê, talvez seja intensidade louca que tenho, essa vontade descomunal de amar sem medidas, acho que estou sufocando meus pretendentes, que estão se afastando ou me deixando assim, sem resposta. Foi desta forma que este "príncipe" me deixou: sumiu do nada, não ligou, não explicou, simplesmente desapareceu, mesmo tudo indicando estar ótimo entre nós. Depois acabamos nos topando em um curso e foi ele quem curiosamente me ligou fazendo a proposta de trabalho. Agora ele encontrou um "anjo" e eu estou num "inferno". Moral em baixa, astral idem, chorei sim, chorei muito. Mas também decidi que é hora do Basta! Não quero mais ninguém, não vou ficar com mais ninguém. Vou me isolar, preciso de um tempo para me entender, para me situar, preciso dos meus valores de volta e afastar cada um que me fez mal. Eu tenho deixado as pessoas me magoarem e me machucarem e isso não é certo, nem justo. Não é de Deus. Comecei um certo ritual, deletando cada um, conversando com outros e colocando um ponto final em tantos começos e términos inexplicáveis. Hoje mesmo um ex me ligou querendo "reparar" a impressão que ficou dele, e ontem, por incrível que pareça a ex-mulher de um ex meu me ligou para saber a respeito de nós e conversar. Mas não pensem que foi tenso, não foi. Acho que mais um pouco de tempo e nos tornaríamos amigas (dá pra acreditar?), ela inclusive já trabalhou com o meu pai. Realmente Goiânia é um ovo e o mundo, muito pequeno!Também recebi uma mensagem de um colega que só pode ter vindo de Deus. Ele me disse basicamente 3 coisas:

1) preciso cuidar de três pernas: família, trabalho e Deus. Que ele via somente trabalho e que se eu não cuidar das outras pernas a do trabalho vai cair mais rápido do que eu penso e preciso estar mais presente com Deus acima de tudo;

2) preciso ter humildade e não achar que já estou no topo: se eu achar que já estou bem, que estátudo certo, vou me acomodar e que não é para eu me acomodar, porque ainda não está bom. Tem muita coisa a melhorar (em tempo: já tinha pensado nisso nas áreas de processo e liderança - tábem difícil).

3) preciso tomar cuidado com as minhas esolhas este ano: estou em um momento de regeneração e muita coisa vai dar certo daqui para frente, mas que preciso pensar muito nas decisões que tomar este ano porque elas irão equivaler a 8 anos da minha vida. O que eu fizer agora vai se refletir em 8 anos.


Esse mesmo colega foi quem me ajudou no dia em que cheguei chorando aos soluços ao trabalho e me disse coisas maravilhosas de Deus e da vida, que era para eu "tomar cuidado com o desejo direcionado" porque se ele se concretiza e não é o que Deus tem para mim, então eu terei muito sofrimento. Que era para eu orar pelo fulano, perdoar e pensar "ainda bem" porque um homem que some não tem caráter, não tem respeito e certamente não será um bom companheiro. Que era para eu pensar se ele fizesse isso estando casada com ele, ou pior ainda, com filhos - não pelos filhos mas pela situação. Que Deus manda sinais e preciso ter sabedoria para entender. Sempre sábio, ele sempre me faz refletir profundamente e me faz mudar. Ele sim é um anjo!

Então hoje resolvi voltar ao meu centro fazendo algo que não fazia há muitos anos: pintar. Tinha umas bolas da minha mãe na tela, ela fez o fundo e eu continuei. Só qeu aí resolvi colocar o fundo amarelo, minha cor preferida, a cor do Sol, da alegria, da energia. Depois fiz vários corações, como se estivesse segurando vários balões em forma de coração, uma forma de compartilhar meu Amor com o Mundo. Aí resolvemos eu e minha mãe fazer algo que não fazíamos há muitos anos também: um culto do evangelho no lar. Em tempo: fui espírita muito tempo, hoje sou evangélica, mas as lições do espiritismo e toda a questão da solidariedade eu trouxe para a minha vida. E sempre me ajuda muito. E depois de pensar o dia inteiro em enviar uma mensagem para meu ex, pedindo explicações, dizendo o que sinto e também pedindo desculpas, vem a lição do evangelho: Paciência. Reescrevendo para vocês saberem:

Cap. IX, "Bem-aventurados aqueles que são brandos e pacíficos" - A Paciência.
"A dor é uma bênção que Deus envia a seus eleitos; não vos aflijais, pois, quando sofrerdes, mas bendizei ao contrário, o Deus todo-poderoso que vos marcou pela dor neste mundo para a glória no céu. Sede pacientes; a paciência é também uma caridade e deveis praticar a lei da caridade ensinada pelo Cristo, enviado de Deus.

A caridade que consiste na esmola dada aos pobres, é a mais fácil das caridades; mas há uma bem mais penosa e, consequentemente, mais meritória: perdoar àqueles que Deus colocou sobre nosso caminho para serem instrumentos dos nossos sofrimentos e colocar nossa paciência à prova. A vida é difícil, eu o sei; ela se compõe de mil nadas que são picadas de alfinetes que acabam por ferir.

Mas é preciso considerar os deveres que nos são impostos, as consolações e compensações que temos por outro lado, e, então veremos que as bênçãos são mais numerosas que as dores. O fardo parece menos pesado quando se olha do alto, do que quando se curva a fronte para o chão. Coragem, amigos, o Cristo é o vosso modelo; ele sofreu mais do que qualquer de vós e não tinha nada a se censurar, enquanto que vós tendes vosso passado a expiar e vos fortalecer para o futuro. Sede, pois, pacientes, sede cristãos, essa palavra encerra tudo.

Outra mensagem que recebi interessantíssima:
Quando a sincronicidade acontece, é sempre uma surpresa. Como aquela inacreditável seqüência pode se desencadear diante dos nossos olhos, sem nenhuma explicação? O que ela significa? Porque acontece? Que mecanismos ocultos acionariam esse processo?

Cada vez mais pessoas estão se conscientizando da importância da sincronicidade e já pautam suas vidas pelas indicações encobertas pelas coincidências. Isso é possível quando estamos sincronizados com a ordem celeste _ enfim, quando nossos passos desenham a vontade de Deus. A sincronicidade é a linguagem do divino para orientar nossa vida. E o divino atua tanto dentro quanto fora de nós. Precisamos cada vez mais nos tornar sensíveis para perceber a sincronicidade pontuando o nosso destino. A sincronicidade abre um caminho para você escutar a si mesmo e ativa sua intuição. Às vezes precisamos de muita coragem para abandonar estruturas que construímos durante a vida e seguir os sinais que nos indicam novos caminhos. A repetição é um dos mecanismos básicos da nossa psique. Quando temos um problema, ele volta inúmeras vezes a nossos pensamentos, como se fosse um disco arranhado. Mas quando finalmente compreendemos o que temos de compreender, cessa a repetição.

Revela-se aquilo que estava sendo expresso por símbolos, entendemos a situação e integramos seu conteúdo. Para compreender esse sentido, talvez seja preciso um árduo trabalho: pesquisar os significados dos símbolos, prestar atenção quando eles ocorrem, refletir a respeito. Mas a compreensão também pode surgir espontaneamente, sem nenhum raciocínio lógico. A esse tipo de compreensão instantânea Jung dava o nome de insight.

O universo tem uma lei, uma harmonia, que às vezes desconhecemos. Choramos quando algo muda e foge de nossas mãos. Não deixamos as mudanças ocorrerem, seguramos a vida. Quando finalmente aceitamos que o desenho da nossa vida não nos pertence e que existe no universo uma trama de fios mais grandiosa e complexa, tudo muda...Ficamos mais atentos aos sinais que nos mostram os caminhos da ação correta, a ação que aceita e se entrelaça amorosamente com os desígnios divinos. Enfim, nos submetemos - não somos mais um ego que tenta controlar tudo a qualquer custo. Finalmente cedemos. E mudamos.

Então é isso: PACIÊNCIA E MUDANÇA.

Boa noite meus queridos! Orem para que eu consiga.

;)

domingo, 27 de junho de 2010

Relacionamento

Segundo o Aurélio, relacionamento significa: Ato ou efeito de relacionar-se, capacidade de relacionar-se, conviver ou comunicar com os outros. Ligação condicionada por uma série de atitudes recíprocas.

No meu caso esta palavra vem no plural e contém uma colcha de retalhos de atitudes não-recíprocas. Só durante este meio-tempo perdi um noivo, um príncipe encantado, uma possibilidade, um jipeiro que usava máscaras e agora um jipeiro que eu achava que não usava nenhuma. Sim meus queridos, dói pensar que fui trocada mais uma vez e mais uma vez eu vejo a mesma cena se repetir diante de meus olhos. E eu para mostrar educação e manter a calma simplesmente finjo que nada está acontecendo, que não está me machucando. Faz mais de cinco anos que não sei o que é namorar de verdade, brigar e voltar, sentir saudades, pedir desculpas, andar de mãos dadas, dizer eu te amo. Isso dói porque aparentemente todos ao meu redor estão conseguindo encontrar seus pares, enquanto eu tenho encontrado somente pessoas que não querem relacionamento sério, multitarefados, ex-casados ou que já estão com pacote completo (filhos, ex-mulher, moram com a mãe ou algo do gênero). O mundo conspira e eu não entendo o por quê, as pessoas têm atitudes que me magoam e eu não entendo o por quê, estou a cada dia mais solitária e eu não entendo o por quê. Se trabalho, estudo, luto, faço tudo por uma boa relação, tenho as rédeas da minha própria vida, então por quê meu Deus? Eu pergunto um milhão de vezes. Praga do meu primeiro e do último namorado? Será que "você nunca vai encontrar uma pessoa que te ame tanto quanto eu" foi tão ouvido e levado em consideração que se materializou no meu sofrimento? O que acontece? Que comportamento tenho para fazer as pessoas se aproximarem com tanta facilidade e me deixarem com mais facilidade ainda? Por que tem essa coisa física tão forte e nunca alcanço a coisa espiritual? Será falta de acreditar em mim mesma, má escolha, falta de fé em Deus? O que será? Não é justo...Não brinco com ninguém, então por que raios esses malditos homens teimam em brincar comigo? E por que mesmo com tantas feridas e histórias repetidas de fracasso não aprendo? Que humilhação e estupidez são essas?! Onde está minha inteligência, onde estão as estratégias para solucionar este problema? As perdi. Junto com elas tenho perdido minha autoestima, a crença em mim mesma. Estou deixando de me amar, porque o outro tem conseguido apagar a chama grande e acesa de Amor que tenho dentro de mim. Tenho apagado também um pouco da minha sensibilidade e não sei mais siginificar meus sentimentos - que estão muito confusos. Sabe o que é você ficar com uma pessoa desejando-o com fervor em um dia e vê-lo beijando e abraçando outra também com fervor no dia seguinte? Indiferença. Preciso aprender a tratar pessoas assim com indiferença e a parar de achar que essas pessoas são boas, que têm coração e podem mudar. Coração: talvez seja esse o problema. Se o meu não fosse tão confuso e tão "fácil" de se apaixonar, com certeza estaria de pé sorrindo sem sentir algo dilacerador por dentro.E então eu assisto à cenas de beijos, abraços e carícias que deviam ser meus, que na minha cabeça deveriam ser meus por merecimento, pelo tempo dedicado e carinho empenhado na conquista dessa pessoa. Egoísmo sim. Por que não? Isso tem um quê de direito, de merecimento, de justiça até. Atitudes ruins que fizesse qualquer mulher chorar deveriam ser punidas severamente. Deveria haver leis para traidores e destruidores de corações com boas intenções. Não me digam "não era pra ser" ou "é porque Deus não quis" ou "porque vem algo melhor pela frente" porque isso não é argumento, isso é uma frase decorada para eufemizar uma situação que é fato concreto: a ideia de que ele não quer você. Não me digam, por favor! Não quero ouvir, vou tapar meus ouvidos. Prefiro accreditar que eu errei ou que meu nível de exigência esteja tão alto que eu não esteja conseguindo encontrar o perfil ou mesmo que, de fato, está faltando homem de verdade no mercado - principalmente com educação, um pouco de respeito e sinceridade até com eles mesmos. As mulheres também ajudam, porque facilitaram muito as coisas, tornaram tudo fácil e rápido. Os "M" luminosos estão lotados todos os dias. E a relação homem-mulher não muda: homens continuam querendo sexo e mulheres continuam buscando Amor. A coisa de homem ser de marte e mulher de vênus aqui faz todo o sentido...E agora meu marte, meu homem-martírio acaba de me ligar querendo falar comigo. Desculpas, desculpas e mais desculpas. Eles não mudam. Vou lá só pra checar. Boa noite!

terça-feira, 15 de junho de 2010

E a Copa começou.

E eu perdi o bolão que eu teria ganhado. Estava com a ideia fixa de 2x1 para o Brasil, mas como não ando com muita sorte e meu cheque espescial está R$ 1300 negativo, qualquer um real passa a ser sacrifício. Então, tentei usar o bom senso e não apostei. E deixei de ganhar R$ 45. Gosto tanto, mas tanto de futebol que nem sabia que hoje tinha jogo, agendei uma reunião com o pessoal de uma gráfica na empresa - que ia liberar todo o pessoal para ver o jogo, é claro. Estamos na Copa, faz parte. O que não faz parte é eu ficar tão confusa: primeiro pensei em não deixar minha mãe só e ia ver o jogo com ela e comer pipoca com café. Tá, deveria ser guaraná Antarctica, mas ando enjoada de refrigerante e não sei porque raios me deu uma vontade louca de tomar café hoje - inclusive fiz um especial da Starbucks - mas o sabor era horrível. Tá achando que só porque é da Starbucks é bom? hãn! Bem feito pra mim. Mas voltando ao assunto: depois pensei em ir pra casa de um jipeiro do clube porque outro jipeiro ia e eu estou meio assim-assim com ele. Aí como alegria de pobre dura pouco ele me diz que ia levar duas amigas! Porra, duas amigas??!! Só uma já não bastava não? Minha mãe resolveu ficar na minha avó e eu resolvi ficar na empresa mesmo - sozinha, fazendo nada com nada, no primeiro jogo do Brasil na Copa do Mundo. Tá, onde está o orgulho à camisa? Bom, melhor deixar para quem entende e gosta de futebol. Não sou eu essa pessoa. No final das contas deixei de ganhar a aposta e não assisti jogo algum. Me deu um vazio inexplicável, uma vontade de isolamento sem fim angustiante. Foi o que fiz, cansei de brigar com meus complexos e indecisos instintos. Agora vai começar minha terapia na parte de planejamento, organização e controle com orientação da psicóloga e usando o livro "Dominando o TDAH adulto" - perfeito para quem quer saber do assunto. São dois livros cor de rosa e verde, na verdade dois manuais: o do terapeuta e o do paciente. Vamos ver no que é que dá né? Agora engraçado foi encontrar uma colega no orkut em plenooooooooo jogo de futebol, e ela tão pasma quanto eu por não estar assistindo ao jogo. No fim das contas descobri que ela tem Síndrome do Pânico e ficamos as duas conversando sobre crises nervosas e fobias que ninguém entende...Sim, a gente sofre. Sofre muito. Mas o negócio é aceitar e reconhecer os limites do próprio corpo e da mente que comanda esse corpo, os pensamentos e as emoções flutuantes. Senão cai no vazio, na dor, na depressão. Viajei a São Paulo e me encantei ainda mais com aquela cidade do movimento, a cidade da cultura, das cores e das pessoas que não param de dizer "meu" pra tudo. Boa, boa kkkkkkkkkkkk. Tenho que morar em São Paulo, lá acho que vou encontrar camaleões, pontos amarelos e coisas absolutamente paranormais - e então talvez eu me sinta em casa e faça uma grande festa ao estilo Soleil de ser. Visitei duas agências foda que lidam com criatividade conceitual e Inovação, o que só reafirmou que eu realmente nasci pra isso. Mas ainda não me descobriram! Putz, será que vou ter que gritar ou fazer um streap tease em cima da mesa?! Também fui ao mercado municipal, experimentei pela primeira vez cereja in natura e o famoso pão com mortadela paulistano. Fui à Pinacoteca, fiquei em dúvida sobre 3 canecas e levei meia hora pra decidir (pra não variar) e ainda escolhi errado. Fui para a feira de franquias e fiquei impressionada com os stands, as cores, a suntuosidade dos negócios na área gastronômica e o frio. Poxa, pra que tanto frio, me diz? Muito frio mesmo. Hoje já percebi que estou repetitiva e redundante, preciso "parar de falar em períodos longos" já dizia meu irmão. Mas é muito difícil! Por favor blog, ao menos você, nãome reprima!!! Ando com dúvidas amorosas muito intensas...e sentindo uma vontade mais intensa ainda em estar com alguém. Estou em dúvida também se é vontade ou é carência, mas a julgar por mim mesma acredito ser mais carência. É, acho que é isso mesmo. Enfim...Coisas da vida. Dia dos Namorados passei com meu primo Neto, choramos horrores assintindo "Uma prova de amor" e eu sinceramente achei que seria mais um besteirol americano por conta da Cameron Diaz. Preconceito puro, o filme é belíssimo em roteiro e fotografia. Depois fomos a uma festa de Santo Antônio (ne sabia que existia isso), tinha padre, quentão e tudo. Até fiz meu pedido pro Santo Casamenteiro e espero que ele atenda, fiz até uma sugestão rssss. Vamos ver né? É rezar pra crer, ops, ver pra crer. Mas tô acreditando. E no meio de tantos preconceitos quebrei um: o de se inscrever em sites de relacionamento. Acreditam que eu fiz isso??! nem eu. Sempre achei que isso seria o fim do fim, que só participavam disso carentes, problemáticos ou tarados. Ledo engano. Já conversei com algumas pessoas bemmmmmm interessantes inclusive um estrangeiro (mais um pra lista, será? hummm). O nome dele é Curtis, jornalista, engraçadíssimo, adora conversar e é mormon. Seja lá o que é isso de fato, só sei que é ligado à Igreja ou preceitos religiosos e que ele é virgem. Uau! Isso ainda existe? Ladies, yes. Existe! Não me pergunte como, mas acho que nenhum homem ia ter orgulho em dizer que é virgem depois dos 25 anos...mesmo porque ninguém acreditaria ou então pensariam que é seminarista. E não, ele não é feio. ah, detalhe: perdi meu óculos. Santa Mãe de Jesus Cristo, vou me inscrever no Guiness como a pessoa que mais perdeu óculos no mundo! Daria umacoleção juntando todos...e estou dirigindo sem enxergar nada. Vejo uma mancha no chão e acho que é buraco, quase bati numa pilastra (pô, de novo em pilastra? Pô 3ª vez no jipe em 3 meses?! Ufa! Não foi desta vez, graças a Deus). Mudando de assunto, olha como as pessoas são engraçadas: todo santo dia tinha alguém que pegava minha caneta do porta-canetas e não devolvia. Pensei em colocar num estojo, mas já viu algum hiperativo ter paciência com o mundo de abre-e-fecha que tem nesse mundo? Aí resolvi fazer o seguinte, peguei uma lata grande e coloquei todas as canetas que ganhei de brinde na feira. Grudei na lata um post it escrito "Pode pegar! É grátis!". As pessoas perceberam, riram, chegaram perto e perguntaram "Pode pegar mesmo?!?". Se tivesse escrito "proibido pegar" não sobrava uma! Seres humanos...quem os entende? Nasci no século errado mesmo, estou a cada dia mais certa disso. Ai cansei de escrever, minha cabeça tá doendo, minhas mãos também e agora peguei uma mania de ficar ouvindo mil vezes a mesma música "Bad romance" da Lady Gaga. Ah, detalhe: fui numa boate gay, muito bom, muito bom mesmo. Gente descolada, lugar colorido,pufs para sentar, café com vodka, muita gente beijando na boca e uma trilha musical fantástica, daquelas que coloca até um velhinho pra dançar. Conheci gays, lésbicas, afins, e foi muito bom perceber que eles são como nós - a diferença é o banheiro. Estranho um banheiro para mulheres e outro para homens num local em que tudo é misturado...rs Bom gente, foi lindo. Vou ver umas coisitas e assistir a uma apresentação de TCC do nosso estagiário daqui a pouco. Beijo, não me liga. Estarei ocupada. Pronto, falei.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Feedbacks e humores

Meu humor anda oscilando muito, tô parecendo mais uma bipolar do que alguém que tem TDAH. Vem uma angústia do nada, uma vontade enlouquecedora de tomar café ou comer chocolate, uma sensação estranha diante das pessoas, um desejo de ficar olhando pro nada e sumir por alguns instantes ou cantar aquelas músicas que deveriam ser proibidas até no chuveiro. Ou mesmo fazer vozes diferentes que a minha, ando cansada, estressada, perdida, enjuada e meu estômago hoje está embrulhando. Não quis comer perto de ninguém nem ficar de papo. Estou muitíssimo improdutiva e não posso porque logo logo começam minhas consultorias. Ando com vontade de fechar os olhos e ouvir os sons, os passos, o vento, os carros, as vozes...mas enfim, estou aqui para falar de feedback e não para vagar no infinito. Mas meu Deus, me dá um pouco de calma nessa alma! Me preenche esse vazio! Voltando de novo aos feedbacks, vou pontuar que estou sem tempo e sem paciência e tenho reunião agorinha e já estou atrasada. Pontuando:

1) Falar menos e obervar mais em todos os sentidos;
2) Não expor minha vida pessoal;
3) Perceber em quem posso confiar;
4) Cuidar do ego porque passa prepotência/arrogância;
5) Observar meu comportamento (não cantar, fazer voz diferente, fazer coisas que outros departamentos veem e acham ridículo + ou - por aí);
6) Fazer uma coisa de cada vez até o fim;
7) Definir prioridades e fazer o que é imprescindível;
8) Deixar claro o que quer da equipe.

Minha mãe disse que eu tenho que:

1) Baixar meu tom de voz;
2) Ser menos impositiva;
3) Vestir melhor, ter postura e não abrir tanto minhas dificuldades;
4) Deixar que os outros falem porque quem sabe sempre é alvo;
5) Autovalorizar-me, não sou eu e sim eles quem devem ter medo de eu sair;
6) Não dar ouvidos a quem não é estratégico;
7) Internalizar "Eu sou, eu sou, eu sou".

Enfim, nada de novidades. Nem mesmo minha falta de atitude para mudar esse quadro...

tenho que ir, beijos!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sessões no divã

Olá querido diário virtual, hoje vou falar sobre as sessões de gestalt que ando tendo. Na verdade entrei meio de gaiato nessa história, mas gostei da prosa, do espaço e do divã. Aliás, alguém me explica uma coisa, pra que tem um divã se as pessoas quase nunca sentam nele??! Cada uma...Enfim, voltando ao assunto: a terapia. Tem sido fantástica, tem conseguido fazer com que eu me veja de forma global, a entender as coisas que protelo e como lidar com isso, tem-me feito pquestionar muito ao invés de responder. Talvez acho que tenha faltado isso: a coisa de perguntar a mim mesma por que tenho pensamentos, atitudes e ações que eu mesma desaprovo como falar muito, ser agressiva, intimidar (sem querer) outras pessoas, ser desorganizada, ter uma dificuldade astronômica em lidar com tabelas, gráficos, números e endereços. Sim, eu tive que rever meus conceitos, tive meus dias de desespero, de introspecção, de raiva, de choro e agora de compreensão e alívio. Percebi que não tenho que esconder nem me eximir do que não sou boa e sim aprender como contornar as situações e como eu mesma enxergo estas situações. Por exemplo, se sou expert em imagens e tenho uma memória visual muito forte por que não aproveitá-la? Se não consigo olhar mapas, que tal experimentar fazê-lo com imagens? Se não decoro nomes, que tal associá-los a fotos? Coisas assim. Se prefiro lidar com minhas tarefas anotando, então pra que perder tempo com to-do-lists no computador? Aliás, tive uma conversa com meu chefe e ele me fez algumas perguntas que completaram minha lista de "para refletir depois". Depois de várias falhas, abri meu coração e expliquei rapidamente a ele o que é TDAHI e o que isso representa, o comportamento, os pontos fortes e principalmente as dificuldades. Ele disse que havia reparado (claro!) e que não entendia o por quê de ter demorado tanto a explicar, se era por vergonha. Também perguntou se eu, na minha posição de gerente, não estaria sendo massacrada com o que tenho que fazer, se eu estava me sentindo realizada. Assim como também perguntou se era melhor contratar alguém para fazer estas tarefas ligadas à lógica ou delegar a outro da equipe ou se estava pegando como um desafio. Impressionante como sou fã dele, como o admiro como profissional e como pessoa. Expliquei que não é fácil explicar a um "normal" a forma como penso e lido com as coisas, que em geral ninguém entende. E pedi para que me desse a chance de fazer as coisas à minha maneira, ainda que isso aos olhos dele pudesse ser estranho. "Preciso de cartazes, preciso de cores, é assim que eu lido com isso" foi o que tentei explicar. Estou feliz porque vou ter meu canto, porque pude colar meu cartaz gigante na mesa, deixar expostos minhas listas, cadernos e lápis de cor. Também resolvi sair do cais, me angustia muito ter que ir pra lá, trabalhar em um lugar que não tem nada a ver. Nada compensa mais: não compensa o cansaço, a baixa produtividade, o sono, o dinheiro. Vou ficar apertada, mas vou passar os próximos dias mais feliz e mais focada no que realmente importa. Estou aliviada. Há muito tempo não me sentia tão dona de mim, tão certa do que estou fazendo e tão focada em solucionar problemas que se arrastam há muitos anos comigo. Samy vai casar, mas entendi que mesmo na minha loucura eu preciso de certa estabilidade; mesmo que minhas coisas tenham uma ordem desordenada, ainda assim é uma ordem, e que isso não deve doer. Sou dona da minha mente, do meu espaço e agora quero ordem na minha conta bancária. E o que eu ia falar acabei atropelando no meio do caminho, empolguei! Desculpa gente rssss mas então onde estávamos mesmo? Na terapia. Tenho algumas lições de casa:

1) Ter noção de tempo. Levo em média 4 horas para arrumar o guarda-roupa e não mais que 30 minutos para enviar um e-mail. Colocar uma previsão de tempo necessário para cada tarefa, depois definir as prioridades e distribuir cada uma de forma que não seja deixada de lado nem demore mais do que o permitido.

2) Entender o que é simples. Gráficos, tabelas, programações, checagens, endereços, nomes, ligar e receber ligações, dar recados, colocar reuniões na agenda é simples para muitas pessoas; para mim não. Pode ser menos doloroso lidar com o lógico-analítico pensando que nestas atividades vou levar mais tempo e terei que adquirir mais paciência.

3) Analisar meu corpo. Se estou cheia de hematomas e não percebo nem sei quando eles aconteceram pode ser que a minha mente esteja tão acelerada que meu corpo não esteja conseguindo acompanhá-la. Para isso, pausas. O famoso "respirar fundo" e perceber que eu posso andar mais devagar.

4) Perceber minha linguagem corporal. Observar meu rosto, a feição, o modo como direciono os olhos, a posição das mãos, a boca, o tom de voz. Um trabalho diário e que leva tempo, mas que funciona e ajuda no relacionamento com as pessoas (vou também comprar um livro chamado "O copor fala", acho que vai ser bom).

5) Ouvir as pessoas. Olhar nos olhos, não ficar pensando em algo que tenho a fazer ou ter medo de que se não falar na hora vou esquecer o que estava pensando. Em cada reunião levar um bloquinho e avisar a pessoa de que talvez eu anote no meio da conversa para retomarmos depois. Deixá-la ciente disso não deixa o clima constrangedor.

6) Estar presente. Sempre, em cada gesto, em cada palavra, em cada ação. Ter consciência de que estou ali e vou "viver" uma coisa de cada vez, porque no tumulto só terei raiva, angústia e intensa frustração. É a sabedoria da tartaruga "Sem pressa, mas sem pausa".

7) Mudar vocabulário. O que estiver ligado às minhas dificuldades como "não consigo" ou "não tenho memória" para "sou capaz de fazer" ou "sou capaz de lembrar". Quebrar o paradigma, reprogramar minha mente e ressignificar o sentido das coisas ao meu redor.

8) Reforçar o positivo. Me dar parabéns pelas pequenas vtórias. Analisar minha produtividade a cada visto que der nas minhas listas de pendências. Mesmo que uma tarefa tenha ficado incompleta ou eu não tenha lembrado de marcar o médico no dia certo e sim um dia depois, ainda assim há parcela de acerto. E isso merece crédito.

9) Passar a imagem certa. Não é que eu não consiga lidar com números e sim que os vejo e sei lidar com eles de outra forma. Não é que eu seja incapaz, é que vejo e funciono de outra forma - ainda que ela não seja a mais comum. Afinal, se minha mente não segue o padrão, ela não poderia pensar e executar as coisas de forma similar. Há um jeitinho que é meu, que eu entendo e que pode ser colocado em prática para se chegar ao resultado final que desejo ou que outros esperam de mim.

10) Ter planos diários. Se tenho boa visão holística, então o que falta é estar atenta aos detalhes do dia-a-dia até mesmo para chegar no plano geral. É como se eu saísse da grande angular e fosse para o plano-detalhe. Isso evita perca de tempo, aumenta a produtividade, diminui meu estresse e fadiga, e faz com que eu foque meus esforços no que realmente sei fazer.

No mais, é jamais baixar a cabeça e desistir. Acho que estou aprendendo a lição de casa e quero ainda mais, dia após dia.

beijos a vocês.

Obs.: Mais uma tarefa vencida na minha lista de pendências, parabéns pra mim!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Você é especial pra mim

"Para mim você é jornal de ontem, já li, já li, não quero mais...". É assim que eu vejo todas as minhas histórias de amor, que são tão intensas, tão diferentes e ao mesmo tempo tão iguais. Ouvi na novela um casal conversando sobre relação, onde o marido disse "Dá pra ser feliz no silêncio Ingrid, barulho nunca foi sinônimo de Felicidade" e ela voltou "você sabe a que silêncio estou me referindo né? O silêncio daqui do peito, do coração". Hoje fiquei sabendo que meu ex-noivo-quase-oficial agora está noivo oficialmente. E foi ele mesmo quem me contou, e doeu mais do que eu pensei que doeria. Sim, chorei copisoamente, sozinha, em casa. Faz cinco anos que eu não sei o que é dizer que "estou namorando", melhor, que eu não sei o que é olhar nos olhos intensamente e poder dizer com toda a sinceridade "eu te amo". Acho que a coisa toda ficou tão prática, os romances tão rápidos, os términos tão frequentes, que eu perdi essa "aura romântica", talvez até mesmo a possibilidade de, de fato, ter algo real e que ultrapasse o mês ou que ultrapasse a coisa do a gente-sai e a gente-volta sem nenhum propósito. Hoje um amigo, curiosamente, veio me visitar. É um amigo antigo, de infância, que ao perguntar sobre minha tumultuada vida amorosa viu meu rosto baixar e simplesmente dizer "já deisisti disso". Ele riu com aquele sorriso que eu conheço há mais de 10 anos e disse "é que você escolhe muito ou então o cara tem que ser exótico pra te chamar ateñção. Se for comum, não vai". Eu ri de uma forma gostosa e retornei "nada! Já até baixei meu nível de exigência. O negócio é que eu cansei de ouvir 'você é especial' e terminar comigo pra ficar com outra". Ele riu novamente e disse que havia terminado com suas duas exs da mesma forma...Homens. Tão diferentes e tão iguais. E o que eu ouvi hoje do meu enrolado-que-não-é-namorado? "Você é muito especial pra mim". Acho que qualquer pessoa no meu lugar ficaria feliz, mas dadas as circunstâncias, eu fiquei triste e chorei no ombro dele. Apesar dele não ter percebido. É como um sinal sabe? Um sinal de Deus dizendo "você já sabe como isso vai acabar, então termine enquanto há tempo". Conversamos bastante, beijamos mais ainda, mas foi só. Não estou 100% nem ele, somos duas pessoas feridas buscando um pouco de ar puro e aconchego um no outro. Nada mais. Não há amor, mas também não há mentira. Somos práticos. Enquanto isso, minhas amigas estão se casando ou já se casaram, uma se separou e descobriu a vida viajando para vários lugares. Outra decidiu seguir só e entrou de cabeça no trabalho com um sorriso de quem vive plenamente e com a pose de autossuficiência - a mesma que eu tive um dia e ainda mantenho às vezes, mas que já começa a me incomodar. O que eu quero é muito simples: alguém pra chamar de meu, alguém para andar de mãos dadas, para ir comigo à confraternizações de trabalho, para ver um filme no fim de semana, alguém para compartilhar momentos...é pouco e é tudo.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Ordem, a palavra de ordem.

O que eu fiz sábado? Acordei às 11h30 (ou seja: não levei meu jipe na Fibrauto para consertar a porta e o barulho esquisito do motor), depois fui a para a aula de inglês que começaria às 13h00. Ao chegar lá não tinha retorno e fiquei doida procurando vaga para o carro, pensei em um segundo "tem 15min de tolerância" e corri, corri. Cheguei exatamente 13h12. Aí a moça da recepção disse que não podia entrar. Fiquei puta de raiva, falei dos 15 minutos de tolerância e ela disse "São 10 minutos". Aí acabei indo ao financeiro resolver minhas pendências: sim, uma parcela estava em aberto. E depois de 6 meses pagando o curso eu ainda estava tentando fazer o capítulo 2, tendo levado prejuízo de R$ 730,00. Ainda bem que consegui que me dessem parte do tempo em bonificação posterior, ufa! Depois fui ao shopping e fiquei lá lendo, lendo, lendo, até que "percebi" que havia esquecido o curso caríssimo que havia pago de Comunicação e Oratória. Então peguei o endereço e estava lá: Cidade Jardim. Onde fica isso? Faltava meia hora para acabar o curso, ou seja: era LÓGICO que não ia dar tempo de fazer nada - principalmente porque eu não sou lá um GPS ou Google Earth em endereços. Continuei lendo, lendo, lendo até que "percebi" que estava atrasada para o cais. Saí toda apavorada, peguei os livros escolhidos e fui pagar. Constrangimento nº1 do dia: não havia saldo. Reservei os livros, falei que voltaria no outro dia. Cheguei ao cais atrasadíssima e de repente "percebi" que havia esquecido meu estojo amarelo em cima da pilha de livros que eu havia parado para dar uma olhada por cima. Peguei meu travesseiro e uma coberta e sem vergonha nenhuma dormi em cima da mesa, literalmente. Dormi sentada debruçada sobre a mesa do cais, vejam a que ponto um ser humano chega. Tive dó de mim quando acordei ao chegar um paciente com cólica de rim. E eu ali meio atordoada preenchendo a ficha. Constrangimento nº2: coloquei na data 04/10/2010 quando na verdade era 10/04/2010. Normal para quem vive trocando dias, horários e nomes de pessoas. Voltei para casa e "percebi" que esqueci de devolver o DVD de quinta e é claro: levei multa, só que o mocinho já está tão acostumado que só cobrou de um dia. Paguei a faculdade dois meses, porque um dos "pagamentos" na verdade era um "agendamento de pagamento" por falta de saldo na conta bancária. Paguei duas contas de celular porque um dos "pagamentos" na verdade eu paguei duas vezes, ou seja: um mês ficou em aberto e minha conta foi cortada assim como o reconhecimento de chamadas. As pessoas ligavam e eu não tinha a mínimaaaaaaa ideia de quem era. Domingo eu tive um dia fantástico, mas que deletou todos os compromissos pré-agendados para o dia. Prova de que preciso REALMENTE ser mais dura comigo mesma. Tá foda...Enfim, tudo este mês foi um grande tumulto. Inventei uma moda nova agora, porque sempre que estou dirigindo me lembro de mil compromissos e completamente diferentes uns dos outros, pessoais, profissionais, urgentes, importantes, urgentes e importantes ao mesmo tempo.Uma loucura! E eu fico lá fazendo brainstorm de compromissos sozinha e tentando repetir cada tarefa para não esquecer, chegar em algum lugar e anotar para "perceber" depois de que não tenho a mínimaaaaaaa ideia de onde está o maldito papel. Então eu penso: Tenho que comprar papéis grandes! Mas aí eu faço uma bagunça tão grande, mas tão grande que perco muitos minutos tentando entender cada tarefa e adivinhem? Passando para um papel menor. Nunca dá certo. Como nunca dá certo fazer planilhas, listas de coisas a fazer, essas coisas. Comprei um caderno, mas também não está adiantando. Ah, estava falando da moda que inventei agora, então voltando: é GRAVAR tudo o que vou pensando aleatoriamente,essa déie de insights diários de compromissos não resolvidos, que estão atrasados, esquecidos ou deixados de lado. Gente, foi muitoooooo engraçado ouvir eu mesma dizendo "Hoje Thâmara é seu primeiro dia de uma nova vida. Uma vida de ordem, disciplina e rotina. Porque você não quer mais os prejuízos que tem tido por conta de toda essa confusão, então vamos aos compromissos de hoje..." kkkkkkkkkkkkkk fiquei rindo sozinha e meu chefe ficou me olhando de rabo-de-olho ao perceber que eu não tirava o celular do ouvido. Sim, usei o gravador do celular. Mas sabe que eu gostei da minha voz? Me senti meio Cid Moreira dizendo como "elevar sua autoestima" em meio a uma trilha instrumental calma ou sei lá, alguma parte de um livro do Augusto Cury. Mas assim, também não funcionou muito, mas acho que preciso testar mais uns dias né? Vai que me deu um pânico hoje? Com tanta informação era de dar um curto mesmo entre minhas sinapses! Ou pelo menos uma descarga elétrica capaz de paralisar meus músculos e fazer meu cérebro ter um "branco" igual aqueles que a gente tem depois de estudar, estudar e estudar e na hora da prova fazer cara de "Meu Deus!", de desespero total porque não se lembra absolutamente nada. Aí você entrega a prova e tchã-rã, um filme se passa na sua cabeça e você lembra de tudo! Merda, merda, merda. Mil vezes merda. Aliás, por falar em livros, comprei um que se chama "A sabedoria da Tartaruga. Sem pressa, mas em pausa" de José Luis Trechera. Atrás do livro vem escrito, eis o motivo de tê-lo comprado: "você é do tipo que não tem paciência de esperar o elevador (esmurro mesmo se ele não desce), balança a perna (o tempo todo), e fica simplesmente furioso quando uma página na internet, por mais rápida que seja, demora um pouco para aparecer (por isso que abro mil janelas ao mesmo tempo)? Você foi infectado pelo vírus da pressa. A sensação é de que não temos tempo a perder, mas se você desacelerar vai perceber que ao viver sempre correndo perde coisas bem mais valiosas que o tempo. É hora de colocar o pé no freio e respeitar o seu próprio ritmo. Ser lento não tem nada a ver com ser inefeciente. A sabedoria da tartaruga é justamente viver sem pressa, mas sem pausa". Ué, esse livro está falando de mim! - Pensei. E na orelha "estressadas, impacientes e semre apressadas, as pessoas hoje falam de carreira, dinheiro e várias outras ambições que as impulsionam em sua vida desenfreada. É raro, porém, que se permitam confessar o sonho as surpreende em sua corrida diária: a vontade de, simplesmente, ter uma vida mais tranquila, com mais tempo livre e menos afazeres". Quase chorei, me deu até certa melancolia pensando na Paula Toller "eu só queria ter na vida simplesmente um lugar de mato verde ra plantar e pra colher. Ter uma casinha branca de varanda, um quintal e uma janela para ver o sol nascer...". Comprei na hora até que "percebi" que eu estava atrasada em meio a tantas histórias, tantos livros legais sobre marketing, consumidor, TDAH e orgasmo. Sim, isso mesmo: orgasmo. Na verdade, vários deles, múltiplos, tântricos e até excêntricos. Olhar profundamente em um olho e depois no outro faz o cara ter vontade de beijar e pensar em sexo 6 vezes por minuto, será? Bom, tenho que testar...rs Fui fazer meu exercício de análise de PDV e tchã-rã, adivinhem? acertaram! Não deu tempo. Voltei pra casa e agora estou aqui. Ahhhhhhh descobriram meu blog no meu serviço, e agora??!!! Estou desesperada!!! E torcendo para que eles tenham um "TDA dentro deles" e esqueçam C-O-M-P-L-E-T-A-M-E-N-T-E desta informação. Vou trocar meu nome verdadeiro por um pseudônimo (ai que chique! me senti meio detetive e meio espiã a La Sherlock Holmes uhuwwww). No names is better my dear! Take care and a lotttttttt of kisses to everybody! Portanto, senhores, só mais uma coisa, hoje a palavra de ordem nessa bagunça toda, nessa desordenada louca vida vida louca é ORDEM!Estou começando a tentar criar hábitos (pelo menos tentando, já é um começo né? Palmas pra mim! rs) e a inventar regras para acabar com o mal estar que tenho cada vez que vejo me dou conta do meu saldo bancário ou então chego atrasada ou então...o que eu estava falando mesmo? Bom, é isso. Pero que "eis que endurecer, mas perder la ternura jamás!" Che! :)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Ressignificação de sentidos

Bom, meu aniversário foi melhor do que eu esperava, mas não parecia assim...o meu aniversário. Marcelli ligou da França, Buhzinha ligou do Tocantins, Chris ligou do celular mesmo mas estava desligado kkkkkkkkkk e Lyne esqueceu, mas eu perdoo. Não usei meu vestido amarelo e ganhei um parabéns caloroso no meu trabalho. Também um e-mail de reconhecimento, que me fez chorar. Foi um dia que ao invés de começar, terminou com a reunião no shopping. Muito boa por sinal. Cheguei em casa, fiz o TCC da minha mãe e fui dormir. Simples assim. Consegui organizar um pouco minhas um milhão de pendências, estou menos depressiva e voltando a usar colares coloridas. E isso é um bom sinal. Tive minhas duas primeiras sessões de terapia: uma com abordagem cognitivo-comportamental e outra por gestalt - que nunca tinha ouvido falar. Cheguei à primeira, uma casa suja, cheirando a mofo com papéis e vassouras jogadas pelo chão. Tudo atrás de um muro amarelo e azul desbotados de uma casa que não lembrava nem de longe um consultório. Então eu pensei: como é que uma psicóloga vai me ensinar de organização sendo desorganizada desse jeito? Perto daquilo a bagunça do meu quarto me deu prazer, até a bíblia tinha uma camada espessa de sujeira antiga (que nojo). Depois entrei na "sala", parecia filme de terror: coisas esparramadas, desenhos de crianças nas paredes, brinquedos de todas as cores. Ela, uma senhora de meia-idade com vestido tubinho preto pedindo desculpas. E tem desculpa pra isso?!? Enfim...conversa vai e conversa vem, peguei uma referência fantástica de livro para quem tem TDAH, e ela me sugeiu duas coisas: respirar de 30 em 30 minutos durante 4 dias, não me cobrar tanto e mudar meu vocabulário a respeito de reforço das minhas dificuldades. Exemplo: não falar "não tenho memória" ou "esqueci". Depois de tudo tive somente uma certeza: nunca mais voltaria ali. Como que alguém que tem TDAH vai lembrar de fazer respiração de 30 em 30 minutos e pior, durante 4 dias??! Meu Deus, que eu faço com esses terapeutas, interno? Enfim, a segunda foi exatamente o contrário. Consultório com fachada, logomarca, secretária, ar condicionado, cores claras. Ela, a terapeuta, bem vestida, de sorriso largo e aberto à minha espera. Entrei no consultório e nem pude acreditar: sofá de couro branco para sentar e para deitar, bem tipicamente psicanalítico. Sentei e falei, falei, falei, sem muita lógica e nossa conversa durou 2 horas. Amei, fiquei encantada. A tarefa da semana? pensar se a minha dificuldade não está em "lidar com o lento" porque o lento me angustia. Há uma parte muito rápida e outra muito devagar, sendo que esta deve ser percebida de outra forma - é o que ela chama de "ressignificar". Achei muito interessante e a próxima conversa é na quarta às 8h00em ponto, será que consigo? Horários...Estou lidando melhor com a equipe, não quero parecer uma pessoa arrogante ou agressiva, nem esquecer tantos compromissos e pior, não concluir meus projetos. Não quero oscilar tanto de humor e falar tanto e interromper tanto. Quero estabilidade, confiar em mim mesma e resgatar o ritmo que vai desacelerar tantos pensamentos e dar o equilíbrio que estou buscando. Não é a falta de ideias que me angustia, é o excesso delas. É o não saber lidar com coisas lógicas, ordenadas e regradas; é a falta de estrutura e de linearidade que me deixam frustrada, me sentindo perdida e um vazio que parece não ter fim. É como se o muito ainda fosse pouco e não conseguisse enxergar o pouco, somente o todo. É complexo, eu sei. Preciso lidar com ideias e planilhas. É isso. Aliás, com sentimentos que surgem do nada também. Até pouco tempo era meu sapo-príncipe, então mudei para um jipeiro ex-casado que não me assume e agora um outro jipeiro se mostra interessado e eu não sei o que fazer. Até nisso há uma grande dose de indecisão, de angústia, de culpa, de um desejo incontrolável pelo risco, pela adrenalina no corpo. Uma autoconfusão absurda e que eu não consigo lidar, nem resolver.Enfim, vamos ver né? Respirar, ressignificar, controlar.

terça-feira, 30 de março de 2010

Parabéns pra mim

Hoje estou aqui para contar as novidades aos meus leitores anônimos, sei que são muitos, mas são tímidos e preferem não se identificar rss Pra começar o príncipe que na verdade era um sapo enviou um recado e a resposta que eu tanto busquei se resumiu a interesses profissionais. Aí resolvi fazer um curso, tô lá empolgadíssima tentando esquecer essa confusão e quando vou assinar meu nome na lista de presença, qual nome está lá? Pasmem: o dele. O mundo é realmente muito pequeno. Tive que ir ao banheiro de tão nervosa que fiquei, mas depois de vê-lo o encanto e a admiração já não me pareciam tão grandes. Meu chefe o cumprimentou e ele fez o mesmo, tanto para ele quanto para mim (relações comerciais, acredito eu). Hoje o vi novamente, não houve cumprimentos dessa vez. Achei ele tão sedutor, tão misterioso indo em direção ao jipe prata. Enfim...é só mais um projeto incompleto. Levei uma bronca enorme do meu chefe porque deixei acumular uma série de pendências e estou tentando encontrar um jeito de me relacionar melhor com a equipe. Marquei, desmarquei e remarquei todos os meus médicos e milhares de compromissos pessoais. Estou me autosabotando, que triste, que vergonha. Daqui a pouco é meu aniversário, talvez seja o aniversário mais solitário da minha vida. Allyne e Chris como amigas, sem namorado e sem nenhuma vontade de fazer algo. É estranho lembrar de algumas festas, de tantas alegrias, de tantos brigadeiros roubados. Depois das surpresas de quando era adolescente, das loucuras que fazíamos, de tantas conversas na casa da Marcelli (saudades amiga). Então nos tornamos adultos, mais secos, menos sonhadores, mais exigentes, mais frescos até, com mais responsabilidades e com menos sorrisos estampados. O aniversário já não parece algo que se conte os dias para chegar nem tampouco que se divulgue. O passar dos anos é aceito não como dádiva mas como algo que independente do que você faça vai acontecer. Não tenho seguidores, nem leitores, meus amigos do orkut na verdade são contatos distantes, minha agenda está repleta de contatos profissionais e meu msn não tem ninguém on line pra eu conversar agora. A Allyne está bem ocupada com o namorado e as coisas dela, a Chris está noiva e também está bem ocupada. E acho que só não enlouqueci por conta delas, porque mesmo com tudo acontecendo elas sempre encontram tempo pra mim. Ganhei um vestido amarelo da minha mãe, minha cor preferida, mas parece que a tristeza está tão grande que o vivaz desta cor soa incoerente com meu espírito. Hoje eu corri bastante com meu samurai, cantei sozinha no carro - não, ainda não tenho som, preciso providenciar isso. Reparei muitas pessoas na hora do almoço no shopping. Vi um beijo, um colega tocou meu braço e eu não sei se por tensão ou carência arrepiei inteira. Preciso ir pra uma trilha, esquecer tudo. Solidão...tenho pavor desta palavra. Cheguei em casa e minha mãe brigou comigo porque esqueci o TCC dela, mas estou tão triste que nem me dei ao trabalho de responder, achar ruim ou algo do gênero. Meu pai me ligou, como sempre, e disse pra eu deixar o celular ligado e com bateria - como sempre pra ligar e cantar parabéns rss eu tinha até me esquecido que amanhã é o grande dia. São 26 anos...e vai ser um dia normal, cansativo. Começa com uma reunião importantíssima no shopping, depois produção de fotos no estúdio, aí vem meu primeiro dia de terapia com abordagem gestáltica, depois minha sessão retomada com a fonoaudióloga. Depois, cama. Só quero dormir e esquecer desse mundo maldito, sem amor e que me tem custado muito. Muito suor, muitas lágrimas, muito sangue. Muita luta, muitas perdas, mas muitas oportunidades também, maturidade, crescimento. Só que estou cansada dessa vida de crescer, quero ser criança um pouco. Voltar a ter uma espontaneidade pura, com menos preocupações com dinheiro e com coisas materiais. Estou cansada de ser a menina inteligente, bonita e responsável que nunca arruma namorado. Estou cansada dos rompantes que esse TDAH me condiciona...essa baixa autoestima, essa falta de realização de projetos, essa falta de amor-próprio até. Mas amanhã é um outro dia, quem sabe eu não ganhe na loteria? beijos, queijos e vinhos aos carentes, solteiros, perdidos e tristes como eu. Ah! Acabei de perceber: acabou de passar da meia-noite, hoje é meu aniversário. Parabéns pra mim.

domingo, 21 de março de 2010

Uma ilha em um turbilhão

Hoje eu acordei com a Síndrome do Vou Mudar Agora Mesmo. Tá, já fiz isso outras vezes, mas talvez por eu entender um pouco mais de TDAH e entender que eu tenho um problema e preciso saber lidar com ele, talvez então desta vez seja diferente. Me sinto como se tivesse naquela DR entre um casal que se separa várias vezes e certo dia diz "Agora é pra valer". Engraçado que esquecem de pensar "Agora é pra sempre" quando retornam. Enfim, estou aqui pra falar de TDAH e não de casamentos. De repente eu olhei em volta e percebi que toda a minha vida está desorganizada, a começar pelo meu quarto, tem também os meus papéis jogados sem identificação, livros que comprei e não li, várias tarefas incompletas e vários planos que foram simplesmente abandonados. Percebi que estou passando mais tempo do que deveria no trabalho e estou levando mais tempo para finalizar algumas tarefas, além de esquecer várias outras. Já senti meu estômago embrulhando quando meu chefe pediu um contrato e eu não sabia onde estava, quando disse que mandei e-mail ao fornecedor e simplesmente não o encontrava na caixa de recebidos e arquivados, pior: quando fui apresentar uma campanha e minhas ideias não tinham uma sequência lógica. Ele não disse nada, mas sei que no fundo, ele não entendeu aqueles slides que só teriam lógica pra quem tem uma mente desordenada como a minha. Por mim, faria toda a minha vida em mapas mentais, de diferentes cores, fontes, tamanhos, engraçados e até um pouco infantis. E por falar em infantil, percebi que tenho 15 dias pra entregar meu TCC e 8 livros que não li uma página sequer para fazer o embasamento teórico. Resolvi mostrar que a Criatividade tem sua origem no mundo infantil e que se uma empresa seguir esta linha de pensamento e pesquisar o que as crianças gostam e como pensam terão os pontos necessários para fomenatar a Criatividade no ambiente de trabalho. A empresa do meu estudo de caso? Google, é claro. Percebi também que deixei de fazer coisas que eu sei que são absolutamente necessárias para minha vida: as consultas psiquiátircas, a terapia (estou pensando em mudar a linha EMDR para a Cognitivo-comportamental ou Psicodrama, acho que terei mais resultados), o inglês, a dança, Yoga. Também abandonei literalmente e há muito tempo o melhor de mim e que alimenta a minha alma e o lado direito do meu cérebro: a arte, a música, a literatura. É o meu tripé preferido e que me deixa em estado de êxtase, que me faz chorar de emoção. Tá, e como percebo isso? Meu corpo, minha mente e meu dia-a-dia enviam sinais: estou me perdendo no meio das conversas, não consigo gravar o que me foi passado por telefone, estou interrompendo mais, meu cabelo está caindo, apareceram manchas roxas no corpo, não estou lembrando os nomes das pessoas com quem trabalho, estou tendo que anotar a tarefa mais boba possível como ligar para alguém (mesmo que esse alguém seja importante ou tenha importância para mim), estou mais triste, mais afastada das pessoas, tive uma briga em que fui agressiva com a equipe, atropelei um motoqueiro, bati em um carro, paguei várias multas por ter esquecido de pagar as contas, engordei quase 10 quilos, estou usando bolsas maiores carregando tudo o que possa ser esquecido, meu outro chefe está me processando administrativamente por comportamento ruim/inadequado, minha mãe chegou e disse "Você precisa tomar seu remédio". Além disso, sinceramente, não sei como consegui bagunçar o meu quarto a ponto de deixá-lo como está - é absurdo, descabido. Minha mãe sempre me diz que o quarto representa o estado interior da pessoa, a bolsa também. Ela diz "Se o seu meio está bagunçado é porque você está bagunçada por dentro". Então eu choro porque me sinto frustrada, como pode essa doença acabar com os meus dias e os meus planos desta forma? Como pode tomar conta do meu juízo, do meu humor e da minha motivação para fazer as coisas? Tem o TDAH esse poder? E mesmo que tenha, é justo? Não, não, não. E eu não vou perder de novo, não vou ser despedida, não vou me ver perdendo o namorado para outra, não vou deixar minha bolsa para trás, não vou me deixar levar por essa avalanche! Estou cansada, estou dormindo mais do que devia e não tenho tempo para me autoanalisar. Fui ler alguns papéis, todos incompletos, a respeito de mim mesma. Quem sou? O que quero mudar? Que ações preciso desenvolver para chegar a estes objetivos? Todos incompletos. Talvez por isso eu nunca tenha de fato me colocado à prova para seguir algo estruturado. Por uma questão óbvia: que DDAH gosta de regras, sistemas lineares, prazos e metas quantificadas? Preciso aprender a dominar meu cérebro antes que ele me domine. E aprender a lidar e controlar cada efeito colateral desta doença para que ela não mine minha vida. Hoje eu decreto que meus planos serão realizados! Não quero me sentir fraca e incapaz. Não quero chorar debaixo do meu edredom, me esconder por trás da porta trancada do banheiro ou descontar agressivamente em pessoas que nada tem a ver com os meus problemas. Hoje sou uma executiva, estou no meu melhor momento profissional e não posso deixar ser vencida assim. Eu desafio o TDAH, vou mostrar que minha força de vontade é muito maior que as minhas limitações e que eu vou vencer esta queda de braço. Não quero mais, nunca mais, me sentir uma ilha em meio a um turbilhão. Nem que eu tenha que fazer um tratado para me lembrar todos os dias deste desafio e comece cada dia dizendo "Só por hoje eu prometo..." tornando isso um lema, uma oração, a ser repetida e repetida e repetida. Ao final do dia vou reforçar igual o pessoal do AA faz "Mais 24h", só que o meu será "Mais 24h desafiando o TDAH". Acho que essa raiva que estou sentindo vai me alimentar de forma positiva para que eu leve isto à frente. Então eu poderei postar aqui os resultados de uma atitude que todos nós DDAH's devemos ter - coerência e paciência, devemos saber cultivar. Boa noite a todos...

terça-feira, 9 de março de 2010

Mulheres Poderosas Também Choram

É assim mesmo, título iniciando com letras maiúsculas, como se essas letras pudessem transmitir um pouco da raiva e da dor desses dias. Tem horas que definitivamente essa vida de mulher moderna e independente cansa. Assim como também acho que teria a mesma sensação se tivesse vida de Amélia, pensaria "Ah, se eu fosse uma executiva...". A verdade é que nunca estamos contentes, mas desta vez tive bons motivos. Conheci um cara bacana, parecia uma réplica de mim mesma, mas com atrativos masculinos. E uma mulher depois que passa dos 25 ao achar um cara bacana, não tem jeito: se encanta mesmo. Apaixona. E claro, se desencanta logo depois. Porque príncipes de verdade começam sapos e não o contrário. Acredito muito nisso, no Amor construído, mas o que fazer com a minha hiperatividade? Tenho pressa. Ah, o rapaz...então, inteligentíssimo, charmoso, lindo de viver, trabalho legal, carro idem, conversa culta, do tipo que fala "toalete" ao invés de "banheiro", que espera você iniciar a refeição, bem-humorado, sorriso fácil, boca rosadae todos olham e pensam "Oh!". Então o que é que qualquer mulher no meu lugar pensaria? "Seguraaaaaaaaaaaaaaaa!". Pois é...acho que meu pensamento foi tão forte, mas tão forte, que sufocou o principezinho e ele simplesmente desapareceu. Assim, do nada. Sem pedir licença, sem inventar as desculpas típicas de homem depois que passa dos 30 "estou sem tempo" ou "preciso de um tempo". Desligou o celular, não respondeu e-mail, não deixou rastros nem motivos. Somente dúvidas. E eu tinha acabado de contar ao meu chefe e ao meu pai, porque achei que finalmente havia "encontrado o cara". Olhei para o espelho, dei uns tapas em mim mesma, pedi pra Deus tirar a raiva do meu coração, xinguei, agi feito criança e chorei embaixo do meu edredom. Exatamente nessa ordem. Tentei contato, dei uma de compreensiva, depois uma de neurótica. E nada. Nenhuma palavra. Tem gente que ainda acha que traição mata, mas não acho. Ao menos você tem um motivo e diz "ele me traiu" ou então o que mais acontece "voltou com a ex". Agora quando o cara te larga do nada, o que você diz? Nada também, fica muda, e fica um vazio avassalador dentro de você, uma sensação de culpa e ao mesmo tempo de desapontamento por não ter percebido que príncipe quando vem embalado de príncipe, na verdade, é um sapo. Encanto se quebra, Amor não. E sinceramente? Já passei da fase do encanto, quero alguém pra amar de verdade, beijar com vontade e não ter medo algum. Agora estou aqui arrependida de ter dito tantas bobagens por meios virtuais e não ter tido nenhum feedback. É como ir a uma reunião com cliente, conversar à beça, ficar empolgado, sair achando que fez a melhor negociação e o contrato não vem. Estranho...bem estranho. Denominei tal atitude de todos os nomes de baixo calão e depois simplesmente ri e pensei "já passei por isso tantas vezes, no final das contas é só mais um" e por incrível que pareça estou fazendo campanha de oração pra ele com jejum de chocolate no mês da Páscoa! É um absurdo, só eu mesmo...E pensar que nunca fiz isso pra ninguém, mas preciso, pra ficar em paz comigo mesma. Agora eu entendo quando minha mãe diz que eu peco pela inteligência e que vou acabar só. Homens admiram mulheres poderosas, mas as temem. Preferem ficar com as Amélias e vê-las em casa depois das 18h00 a vê-las em alguma capa de revista falando sobre negócios. Mas essas mulheres, acreditem, choram mais que as Amélias e se sentem sós, têm ânsia de compartilhar algo além da matéria, das infindáveis reuniões de negócios, dos números e das análises de mercado. Pensar que ontem foi o Dia Internacional da Mulher e que ao invés de flores, ganhei algumas planilhas para brincar. Comprei um jipe, e este eu posso chamar de "meu". Lindo, alto, robusto, me leva pra todo lugar, faz brilhar meus olhos, acelerar meu coração e está sempre por perto me aguardando. Beijo mesmo, sem vergonha de ser feliz. Ainda por cima vou com ele acampar e fazer trilha. Quer companhia melhor? Ele nunca passa despercebido, não é incoerente, muito menos indiferente. Às vezes ele rosna, mas aí eu viro Amélia e deixo ele mandar em mim. Sim, estou apaixonada.

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quantos parafusos você tem?

Sempre ouvimos histórias de pessoas que parecem ter um parafuso a menos, mas no meu caso acho que tenho um parafuso a mais. Porque nada que não é intenso e complexo me fascina. É como se tivesse dentro de mim uma busca constante pela novidade, por desafios, por alguma atividade que encha meu corpo de adrenalina. Sempre fui assim, mesmo que muitas vezes nem eu mesma tenha me dado conta. Como tudo na vida essa coisa de ter TDAH tem o lado bom e o lado ruim, mas entre nós, o lado ruim complica bastante diferentes áreas da nossa vida. Fico puta de raiva quando vejo o quanto esse transtorno caiu na mediocridade (virou moda) e fico mais puta ainda quando vem um engraçadinho metido a artista dizendo que tem orgulho de ser DDAH. Balela. Quem tem de verdade vive numa montanha russa e daí o motivo de alguns psiquiatras ficarem em dúvida quanto ao diagnóstico e colocarem "Transtorno Bipolar". Por Deus, somos hiperativos, compulsivos, desorganizados, intuitivos, criativos, inteligentes e apaixonantes. A explicação é simples: imagine um cérebro que não para (daí também confundirem com SPA - Síndrome do Pensamento Acelerado), que faz muito mais conexões do que um cérebro comum, que tem uma hiper-atividade no lobo emocional e que por isso tem características peculiares que facilitam a comunicação e identificação com o mundo da arte. Agora imagine um cérebro hipo-ativo na área da lógica, que não consegue fazer análises simples se tiver que agrupar informações de forma sistemática, que tem uma falta de senso de direção, espaço (em tempo: os DDAHs são comprovadamente um risco no trânsito) e organização. Então se você já iniciou vários projetos sem concluir, seu quarto vive bagunçado, trocou de emprego ou namorado várias vezes por ter perdido o tesão do nada, se o seu estilo é aventureiro, você está sempre perdendo as coisas e se perdendo nos lugares (procurando seu carro estacionado em algum lugar que você não sabe nem o rumo), se você interrompe sempre as pessoas ou esquece constantemente o que iria falar, até mesmo precisa reler um livro pelo menos três vezes porque não consegue se concentrar / ter atenção naquilo e esquece assim que acaba de ler, e aprendeu fórmulas de matemática cantando porque nunca entendeu bem a lógica da matemática, se na hora de escolher entre um picolé de morango ou chocolate você ficou na dúvida e acabou levando os dois ou nenhum, se odeia rotina e sempre chega atrasado, bem-vindo ao clube. Você é um forte candidato a um hiperativo ou no mínimo alguém que tem Déficit de Atenção. Notícia ruim: é igual diabetes, não tem cura. Notícia boa: é igual diabetes, tem como controlar, mesmo se a glicose subir. Ou seja: mesmo que você tenha crises, confie em Deus acima de tudo e encontre seu melhor tratamento. Hoje a tríade psiquiatra-psicoterapeuta-boa vontade é a que mais funciona. Você vai se entender a cada dia mais, vai saber diferenciar Ritalina de Ritalina La e Brupropriona, a diferença entre as linhas terápicas psicodrama, psicanálise e cognitivo-comportamental, também vai acabar em alguma livraria comprando algo como Mentes Inquietas, Meu amigo TDAH, além de outros contendo exercícios cerebrais para melhorar atenção-concentração-memória, a tríade que é o grande mal de todo DDA ou DDAH. Acredite: ter um transtorno alimenta a alma de uma vontade muito superior à média de superação. Cada recado anotado, cada vez que você espera o ônibus sem roer as unhas, cada vez que você olha dentro dos olhos da pessoa e consegue manter uma conversa ou segurar o impulso de interromper a conversa, é um desafio a mais. Uma vitória a mais. A sensação é a mesma daquelas terapias de grupo de AA em que se diz "Mais 24 horas" e a luta será sempre diária. Às vezes se consegue e muitas vezes não. Então é pensar na Diabetes "Como posso controlar e amenizar os efeitos colaterais?". As pessoas não vão entender seu cérebro, porque definitivamente, ele é diferente! Especial. Muito menos queira colocar todas as suas frustrações e decepções no problema. Jamais permita que alguém diga "é porque fulano tem problema, faz até tratamento" como se fosse algo perigoso, contagioso ou que requer certo cuidado. Grandes gênios da humanidade tiveram o mesmo "problema": Einstein, Van Gogh, Leonardo da Vinci, até mesmo Michael Phelps! E o que é que a professora dele tinha dito tempos antes? "Este menino não vai ser ninguém"...Então, levante a cabeça e foque no que você é bom, não perca tempo com minúcias que te tiram tempo, paciência e o humor. Quero compartilhar minhas histórias com vocês e gostaria que vocês fizessem o mesmo, este é um canal aberto e livre a todos os hiperativos que se sentem perdidos no mundo, como se fossem pontos amarelos em oceanos azuis. Unidos somos mais fortes. Unidos podemos muito mais, podemos tudo. Conto com vocês. Aliás, todos os que tiverem algum transtorno seja por ter um parafuso a menos, seja a mais, por favor: botem a boca no trombone. Se você não tem, mas quer entender quem tem, minha dica é: paciência meu amigo, muitaaaaaaaaa paciência. Compensa no final. Em tempo: perdi meu óculos pela 5ª vez, se alguém encontrar por aí em algum canto abandonado, por favor, devolva. Obrigada.