terça-feira, 30 de março de 2010

Parabéns pra mim

Hoje estou aqui para contar as novidades aos meus leitores anônimos, sei que são muitos, mas são tímidos e preferem não se identificar rss Pra começar o príncipe que na verdade era um sapo enviou um recado e a resposta que eu tanto busquei se resumiu a interesses profissionais. Aí resolvi fazer um curso, tô lá empolgadíssima tentando esquecer essa confusão e quando vou assinar meu nome na lista de presença, qual nome está lá? Pasmem: o dele. O mundo é realmente muito pequeno. Tive que ir ao banheiro de tão nervosa que fiquei, mas depois de vê-lo o encanto e a admiração já não me pareciam tão grandes. Meu chefe o cumprimentou e ele fez o mesmo, tanto para ele quanto para mim (relações comerciais, acredito eu). Hoje o vi novamente, não houve cumprimentos dessa vez. Achei ele tão sedutor, tão misterioso indo em direção ao jipe prata. Enfim...é só mais um projeto incompleto. Levei uma bronca enorme do meu chefe porque deixei acumular uma série de pendências e estou tentando encontrar um jeito de me relacionar melhor com a equipe. Marquei, desmarquei e remarquei todos os meus médicos e milhares de compromissos pessoais. Estou me autosabotando, que triste, que vergonha. Daqui a pouco é meu aniversário, talvez seja o aniversário mais solitário da minha vida. Allyne e Chris como amigas, sem namorado e sem nenhuma vontade de fazer algo. É estranho lembrar de algumas festas, de tantas alegrias, de tantos brigadeiros roubados. Depois das surpresas de quando era adolescente, das loucuras que fazíamos, de tantas conversas na casa da Marcelli (saudades amiga). Então nos tornamos adultos, mais secos, menos sonhadores, mais exigentes, mais frescos até, com mais responsabilidades e com menos sorrisos estampados. O aniversário já não parece algo que se conte os dias para chegar nem tampouco que se divulgue. O passar dos anos é aceito não como dádiva mas como algo que independente do que você faça vai acontecer. Não tenho seguidores, nem leitores, meus amigos do orkut na verdade são contatos distantes, minha agenda está repleta de contatos profissionais e meu msn não tem ninguém on line pra eu conversar agora. A Allyne está bem ocupada com o namorado e as coisas dela, a Chris está noiva e também está bem ocupada. E acho que só não enlouqueci por conta delas, porque mesmo com tudo acontecendo elas sempre encontram tempo pra mim. Ganhei um vestido amarelo da minha mãe, minha cor preferida, mas parece que a tristeza está tão grande que o vivaz desta cor soa incoerente com meu espírito. Hoje eu corri bastante com meu samurai, cantei sozinha no carro - não, ainda não tenho som, preciso providenciar isso. Reparei muitas pessoas na hora do almoço no shopping. Vi um beijo, um colega tocou meu braço e eu não sei se por tensão ou carência arrepiei inteira. Preciso ir pra uma trilha, esquecer tudo. Solidão...tenho pavor desta palavra. Cheguei em casa e minha mãe brigou comigo porque esqueci o TCC dela, mas estou tão triste que nem me dei ao trabalho de responder, achar ruim ou algo do gênero. Meu pai me ligou, como sempre, e disse pra eu deixar o celular ligado e com bateria - como sempre pra ligar e cantar parabéns rss eu tinha até me esquecido que amanhã é o grande dia. São 26 anos...e vai ser um dia normal, cansativo. Começa com uma reunião importantíssima no shopping, depois produção de fotos no estúdio, aí vem meu primeiro dia de terapia com abordagem gestáltica, depois minha sessão retomada com a fonoaudióloga. Depois, cama. Só quero dormir e esquecer desse mundo maldito, sem amor e que me tem custado muito. Muito suor, muitas lágrimas, muito sangue. Muita luta, muitas perdas, mas muitas oportunidades também, maturidade, crescimento. Só que estou cansada dessa vida de crescer, quero ser criança um pouco. Voltar a ter uma espontaneidade pura, com menos preocupações com dinheiro e com coisas materiais. Estou cansada de ser a menina inteligente, bonita e responsável que nunca arruma namorado. Estou cansada dos rompantes que esse TDAH me condiciona...essa baixa autoestima, essa falta de realização de projetos, essa falta de amor-próprio até. Mas amanhã é um outro dia, quem sabe eu não ganhe na loteria? beijos, queijos e vinhos aos carentes, solteiros, perdidos e tristes como eu. Ah! Acabei de perceber: acabou de passar da meia-noite, hoje é meu aniversário. Parabéns pra mim.

domingo, 21 de março de 2010

Uma ilha em um turbilhão

Hoje eu acordei com a Síndrome do Vou Mudar Agora Mesmo. Tá, já fiz isso outras vezes, mas talvez por eu entender um pouco mais de TDAH e entender que eu tenho um problema e preciso saber lidar com ele, talvez então desta vez seja diferente. Me sinto como se tivesse naquela DR entre um casal que se separa várias vezes e certo dia diz "Agora é pra valer". Engraçado que esquecem de pensar "Agora é pra sempre" quando retornam. Enfim, estou aqui pra falar de TDAH e não de casamentos. De repente eu olhei em volta e percebi que toda a minha vida está desorganizada, a começar pelo meu quarto, tem também os meus papéis jogados sem identificação, livros que comprei e não li, várias tarefas incompletas e vários planos que foram simplesmente abandonados. Percebi que estou passando mais tempo do que deveria no trabalho e estou levando mais tempo para finalizar algumas tarefas, além de esquecer várias outras. Já senti meu estômago embrulhando quando meu chefe pediu um contrato e eu não sabia onde estava, quando disse que mandei e-mail ao fornecedor e simplesmente não o encontrava na caixa de recebidos e arquivados, pior: quando fui apresentar uma campanha e minhas ideias não tinham uma sequência lógica. Ele não disse nada, mas sei que no fundo, ele não entendeu aqueles slides que só teriam lógica pra quem tem uma mente desordenada como a minha. Por mim, faria toda a minha vida em mapas mentais, de diferentes cores, fontes, tamanhos, engraçados e até um pouco infantis. E por falar em infantil, percebi que tenho 15 dias pra entregar meu TCC e 8 livros que não li uma página sequer para fazer o embasamento teórico. Resolvi mostrar que a Criatividade tem sua origem no mundo infantil e que se uma empresa seguir esta linha de pensamento e pesquisar o que as crianças gostam e como pensam terão os pontos necessários para fomenatar a Criatividade no ambiente de trabalho. A empresa do meu estudo de caso? Google, é claro. Percebi também que deixei de fazer coisas que eu sei que são absolutamente necessárias para minha vida: as consultas psiquiátircas, a terapia (estou pensando em mudar a linha EMDR para a Cognitivo-comportamental ou Psicodrama, acho que terei mais resultados), o inglês, a dança, Yoga. Também abandonei literalmente e há muito tempo o melhor de mim e que alimenta a minha alma e o lado direito do meu cérebro: a arte, a música, a literatura. É o meu tripé preferido e que me deixa em estado de êxtase, que me faz chorar de emoção. Tá, e como percebo isso? Meu corpo, minha mente e meu dia-a-dia enviam sinais: estou me perdendo no meio das conversas, não consigo gravar o que me foi passado por telefone, estou interrompendo mais, meu cabelo está caindo, apareceram manchas roxas no corpo, não estou lembrando os nomes das pessoas com quem trabalho, estou tendo que anotar a tarefa mais boba possível como ligar para alguém (mesmo que esse alguém seja importante ou tenha importância para mim), estou mais triste, mais afastada das pessoas, tive uma briga em que fui agressiva com a equipe, atropelei um motoqueiro, bati em um carro, paguei várias multas por ter esquecido de pagar as contas, engordei quase 10 quilos, estou usando bolsas maiores carregando tudo o que possa ser esquecido, meu outro chefe está me processando administrativamente por comportamento ruim/inadequado, minha mãe chegou e disse "Você precisa tomar seu remédio". Além disso, sinceramente, não sei como consegui bagunçar o meu quarto a ponto de deixá-lo como está - é absurdo, descabido. Minha mãe sempre me diz que o quarto representa o estado interior da pessoa, a bolsa também. Ela diz "Se o seu meio está bagunçado é porque você está bagunçada por dentro". Então eu choro porque me sinto frustrada, como pode essa doença acabar com os meus dias e os meus planos desta forma? Como pode tomar conta do meu juízo, do meu humor e da minha motivação para fazer as coisas? Tem o TDAH esse poder? E mesmo que tenha, é justo? Não, não, não. E eu não vou perder de novo, não vou ser despedida, não vou me ver perdendo o namorado para outra, não vou deixar minha bolsa para trás, não vou me deixar levar por essa avalanche! Estou cansada, estou dormindo mais do que devia e não tenho tempo para me autoanalisar. Fui ler alguns papéis, todos incompletos, a respeito de mim mesma. Quem sou? O que quero mudar? Que ações preciso desenvolver para chegar a estes objetivos? Todos incompletos. Talvez por isso eu nunca tenha de fato me colocado à prova para seguir algo estruturado. Por uma questão óbvia: que DDAH gosta de regras, sistemas lineares, prazos e metas quantificadas? Preciso aprender a dominar meu cérebro antes que ele me domine. E aprender a lidar e controlar cada efeito colateral desta doença para que ela não mine minha vida. Hoje eu decreto que meus planos serão realizados! Não quero me sentir fraca e incapaz. Não quero chorar debaixo do meu edredom, me esconder por trás da porta trancada do banheiro ou descontar agressivamente em pessoas que nada tem a ver com os meus problemas. Hoje sou uma executiva, estou no meu melhor momento profissional e não posso deixar ser vencida assim. Eu desafio o TDAH, vou mostrar que minha força de vontade é muito maior que as minhas limitações e que eu vou vencer esta queda de braço. Não quero mais, nunca mais, me sentir uma ilha em meio a um turbilhão. Nem que eu tenha que fazer um tratado para me lembrar todos os dias deste desafio e comece cada dia dizendo "Só por hoje eu prometo..." tornando isso um lema, uma oração, a ser repetida e repetida e repetida. Ao final do dia vou reforçar igual o pessoal do AA faz "Mais 24h", só que o meu será "Mais 24h desafiando o TDAH". Acho que essa raiva que estou sentindo vai me alimentar de forma positiva para que eu leve isto à frente. Então eu poderei postar aqui os resultados de uma atitude que todos nós DDAH's devemos ter - coerência e paciência, devemos saber cultivar. Boa noite a todos...

terça-feira, 9 de março de 2010

Mulheres Poderosas Também Choram

É assim mesmo, título iniciando com letras maiúsculas, como se essas letras pudessem transmitir um pouco da raiva e da dor desses dias. Tem horas que definitivamente essa vida de mulher moderna e independente cansa. Assim como também acho que teria a mesma sensação se tivesse vida de Amélia, pensaria "Ah, se eu fosse uma executiva...". A verdade é que nunca estamos contentes, mas desta vez tive bons motivos. Conheci um cara bacana, parecia uma réplica de mim mesma, mas com atrativos masculinos. E uma mulher depois que passa dos 25 ao achar um cara bacana, não tem jeito: se encanta mesmo. Apaixona. E claro, se desencanta logo depois. Porque príncipes de verdade começam sapos e não o contrário. Acredito muito nisso, no Amor construído, mas o que fazer com a minha hiperatividade? Tenho pressa. Ah, o rapaz...então, inteligentíssimo, charmoso, lindo de viver, trabalho legal, carro idem, conversa culta, do tipo que fala "toalete" ao invés de "banheiro", que espera você iniciar a refeição, bem-humorado, sorriso fácil, boca rosadae todos olham e pensam "Oh!". Então o que é que qualquer mulher no meu lugar pensaria? "Seguraaaaaaaaaaaaaaaa!". Pois é...acho que meu pensamento foi tão forte, mas tão forte, que sufocou o principezinho e ele simplesmente desapareceu. Assim, do nada. Sem pedir licença, sem inventar as desculpas típicas de homem depois que passa dos 30 "estou sem tempo" ou "preciso de um tempo". Desligou o celular, não respondeu e-mail, não deixou rastros nem motivos. Somente dúvidas. E eu tinha acabado de contar ao meu chefe e ao meu pai, porque achei que finalmente havia "encontrado o cara". Olhei para o espelho, dei uns tapas em mim mesma, pedi pra Deus tirar a raiva do meu coração, xinguei, agi feito criança e chorei embaixo do meu edredom. Exatamente nessa ordem. Tentei contato, dei uma de compreensiva, depois uma de neurótica. E nada. Nenhuma palavra. Tem gente que ainda acha que traição mata, mas não acho. Ao menos você tem um motivo e diz "ele me traiu" ou então o que mais acontece "voltou com a ex". Agora quando o cara te larga do nada, o que você diz? Nada também, fica muda, e fica um vazio avassalador dentro de você, uma sensação de culpa e ao mesmo tempo de desapontamento por não ter percebido que príncipe quando vem embalado de príncipe, na verdade, é um sapo. Encanto se quebra, Amor não. E sinceramente? Já passei da fase do encanto, quero alguém pra amar de verdade, beijar com vontade e não ter medo algum. Agora estou aqui arrependida de ter dito tantas bobagens por meios virtuais e não ter tido nenhum feedback. É como ir a uma reunião com cliente, conversar à beça, ficar empolgado, sair achando que fez a melhor negociação e o contrato não vem. Estranho...bem estranho. Denominei tal atitude de todos os nomes de baixo calão e depois simplesmente ri e pensei "já passei por isso tantas vezes, no final das contas é só mais um" e por incrível que pareça estou fazendo campanha de oração pra ele com jejum de chocolate no mês da Páscoa! É um absurdo, só eu mesmo...E pensar que nunca fiz isso pra ninguém, mas preciso, pra ficar em paz comigo mesma. Agora eu entendo quando minha mãe diz que eu peco pela inteligência e que vou acabar só. Homens admiram mulheres poderosas, mas as temem. Preferem ficar com as Amélias e vê-las em casa depois das 18h00 a vê-las em alguma capa de revista falando sobre negócios. Mas essas mulheres, acreditem, choram mais que as Amélias e se sentem sós, têm ânsia de compartilhar algo além da matéria, das infindáveis reuniões de negócios, dos números e das análises de mercado. Pensar que ontem foi o Dia Internacional da Mulher e que ao invés de flores, ganhei algumas planilhas para brincar. Comprei um jipe, e este eu posso chamar de "meu". Lindo, alto, robusto, me leva pra todo lugar, faz brilhar meus olhos, acelerar meu coração e está sempre por perto me aguardando. Beijo mesmo, sem vergonha de ser feliz. Ainda por cima vou com ele acampar e fazer trilha. Quer companhia melhor? Ele nunca passa despercebido, não é incoerente, muito menos indiferente. Às vezes ele rosna, mas aí eu viro Amélia e deixo ele mandar em mim. Sim, estou apaixonada.