quinta-feira, 24 de março de 2011

Falsas Expectativas

Eu queria poder pegar nas mãos sem medo, pedir um beijo sem segredo, abraçar forte o suficiente para sentir a presença na ausência. Eu queria poder viver um Amor de verdade, com brigas e reconciliações, com fotos de viagens, sorrisos espontâneos recheando mil histórias. Eu queria poder oferecer o céu para alguém e não sentir que estou sufocando, que estou cobrando; poder controlar esse desejo incontrolável, essa impulsividade quase doentia de querer alguém pra mim. Eu queria poder ligar tarde, dizer que estou com saudade. Pegar um cinema, ficar em casa, cozinhar e servir o prato. Queria preparar algo com velas, flores e chocolates para alguém. Encenar uma novela real. Eu queria fazer parte do pensamento carinhoso de alguém no meio de uma quinta-feira e ao ver na sexta-feira sentir meu coração bater diferente, com mais alegria. Eu tenho tantos sentimentos bons guardados e Pandora só não deixou escapar a Esperança da sua caixinha de sentimentos. Queria não tomar Black Label cada vez que algo quase não iniciado termina, nem mesmo vir aqui escrever como forma de desabafar. Talvez alguém no mundo veja e compartilhe da mesma dor, quem sabe se sinta melhor com as insanidades cruas que digo. Queria ter mais compaixão por mim mesma e não me entregar tanto, estar dentro da normalidade que não vive intensamente, que espera o momento bom acontecer só depois. Queria dançar zouk para sentir todo o meu corpo se movimentando numa lambada caliente e que liberasse toda a adrenalina que percorre meu corpo. Queria não ter raiva das lembranças de um Amor que eu tive um dia nem mesmo de como era bom ter alguém para compartilhar os momentos comigo. Acho que não sei mais o que é Amar de fato, o que é ser Amada. E isso é muito triste, porque Deus fez Adão e a sua Eva, então eu me pergunto mil vezes por que? Vem a música no Nando Reis "Por que não eu, por que não eu?"; de repente vem Lispector com o seu "não sei viver pela metade" e Vinícius com o seu "seja eterno enquanto dure". Queria não estar aqui de madrugada ouvindo una canción de Amor! queria não me sentir tão rejeitada e tão abandonada pelo mundo...e o mundo está muito ocupado para se preocupar comigo. Então o jeito é chorar uma vez mais na frente do espelho e aceitar que o melhor é realmente não esperar nem criar grandes expectativas. Porque são falsas, as expectativas.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Amor é frágil ou nós que somos frágeis para o Amor?

Fragilidade. Essa palavra resume tudo. Resume os anos em que medediquei com Amor infinito sem reciprocidade. Reflete bem as minhas relações que se acabaram sem motivo aparente. Reconhece em mim a minha própria alma, fragilizada. Para não dizer destroçada, ferida, magoada. Lembram-se do príncipe encantado que depois vi que era um sapo e contei aqui? Pois é, sapos também se casam. Os traidores, os mentirosos, os egoístas, os falsos, os rebeldes, os ridículos, os que somem do nada, eles também se casam - mesmo que eu não ache justo. Como também não acho justo me sentir assim tão magoada, tão infeliz e tão mal-amada nesse sentido. Então sem querer fico pensando se Deus brinca com essas coisas do coração ou se eu vivi uma vida passada, que devo ter sido muito vagabunda para sofrer tanto nesta vida. O fardo, definitivamente, não é leve. Não consigo suportar e dói mais do que eu pudesse imaginar. Fico querendo que Deus me explique os motivos de ver as alianças nas mãos dos meus exs, por ver uma alegria contagiante em fotos e mensagens tão doces tão doces tão doces que se fosse um algodão-doce teria derretido. Chega a ser piegas. Como não sei o que é amar de verdade há muito tempo perdi essa coisa meio infantil, que beira ao ridículo. Ao mesmo tempo fico tentando entender meus sentimentos tão confusos de mágoa, raiva, inveja, dor. É como se eu tivesse sido abandonada, trocada e relegada à um último plano. Como se não merecesse sequer uma lembrança da pessoa que um dia fui e representei na vida de alguém. E será que houve mesmo alguém que tivesse sentido esse amor que tenho por dentro? Ou será que foi justamente o excesso qu sufocou e os fez afastar de mim? Mas como diz minha terapeuta: é difícil, é doloroso,mas pelo menos foram todos de uma vez. Um a um colocando uma aliança na mão de outra mulher e espalhando um sentimento de felicidade estonteante típica dos casais apaixonados. Então não sei...acho que me falta um certo amor-próprio, uma certa valorização. Mas como me valorizar e achar que sou tudo o que penso que sou se estou só? Se na hora de ir pra cama o travesseiro ao lado está vazio? Como gostar da minha própria companhia quando minha mente teima em me mostrar como fui incapaz de amar e fazer alguém se sentir amado. Como foi frustrada a minha tentativa de fazer alguém se apaixonar por mim, uma mulher determinada, que trabalha, que estuda, que tem vida própria, que é engraçada, que não bebe nem fuma, que é de família, que vai pra igreja...Pra quê? Sou uma desajustada nessa sociedade louca. Ou será que a louca sou eu? Loucura, insensatez, dúvidas, faz parte. Vou colcocar meu coração no gelo para libertar a minha alma. Talvez assim eu encontre um pouco de paz e de Amar de mim para eu mesma. Vou me apegar ao trabalho com todas as forças até que essas imagens, esses flashes que me lembram da minha incapacidade como mulher, saiam da minha cabeça e, definitivamente, não façam mais parte do meu coração, da minha vida! Fragilidade. É esse o nome de um insensato coração...como o meu.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tristeza, por favor vá embora, minha alma que chora...

...Sinto dores no corpo, cabeça, tronco e membros. Sinto o mundo com todo o seu peso em meus ombros, meus olhos teimam em virar para baixo, as pernas latejam. Tenho preguiça de tirar a roupa, olho para o banheiro e mesmo sabendo do bem que faz um banho quente, nem isso tenho vontade de fazer. Então eu deito, suja, e vejo o teto girar sobre a minha cabeça. Tenho pesadelos e não consigo dormir direito, uma nuvem negra paira no ar. Uma sensação estranha de morte, de querer morrer, de querer sumir, de querer que amanheça logo para que eu possa trabalhar e fique até bem tarde para esconder a minha ansiedade, minhas raivas, minhas dores, minhas frustrações. No noticiário, enchentes. Nas ruas, o barulho insuportável dos carros. No trabalho, o burburinho dos dedos nos teclados. E hoje passei o dia ouvindo músicas evangélicas, recebi mensagens de Deus, acho que minha colega de sala deve sentir um pouco do meu peso e de como meu comportamento afeta o ar, todo o clima daquela sala. Todos me abandonaram e eu tenho raiva de todos, queria que todos estivessem mortos ou queria nunca tê-los conhecido ou mesmo ter tido um acidente de forma que eu não lembrasse de absolutamente nada do passado e então pudesse viver como se tivesse acabado de nascer. Mas não...as imagens sempre voltam, como flashes, como vultos. São meus carmas. Não consigo controlar a minha mente que vagueia em busca de algo que eu nem mesmo sei o que é. Às vezes me sinto tão bem, às vezes me sinto tão mal. Hoje a minha colega, a das músicas evangélicas, disse que nunca sabe quando falar comigo porque eu vario muito de humor. Aquilo acabou comigo, não pensei que fosse tão claro para outras pessoas. Achei que eu conseguia esconder dos outros o que tento esconder de mim mesma. Eu tenho vergonha de mim e tenho vergonha da forma como penso e tenho medo da crueza e crueldade de meus próprios pensamentos e sensações. Ao menos na terapia eu posso ser eu mesma e posso extirpar todos os meus temores, todas as minhas dúvidas, todas as minhas mágoas. Não choro mais, as lágrimas secaram com tanto sofrimento, não sinto dor nem amor. Na verdade sou uma estranha de mim mesma, não me entendo e não sei lidar comigo. Não sei como lidar com essa coisa que toma conta do meu corpo, da minha mente e das minhas emoções como num passe de mágica. E no mesmo passe de mágica sou o bobo da corte e a Fera. Às vezes sinto como se fosse duas pessoas ao mesmo tempo. Minha respiração sai difícil, meu coração de repente dá uns pulos, melhor dizia ser uns socos, fortes, rápidos e intensos. Chega a doer e me faz tentar concentrar na própria respiração. Não me sinto segura, tenho medo de olhar para baixo daqui do meu quinto andar e não conter ao desejo de pular. Chego a imaginar meu corpo estatelado no chão, o sangue, alguém da família me encontrando, então eu vejo meus pais e meus irmãos chorando. Num átimo volto à realidade, sinto um enjoo no estômago e toda a vontade de me jogar da janela some. Jamais faria algo que trouxesse o mínimo que fosse de tristeza à minha família, minha base, meu tudo. Estou tentando sobreviver, está bem difícil. Alguém, por favor, me dá uma luz! Deus, me ajuda, por favor. Não aguento mais tanta dor, tantos questionamentos, tanto vazio, solidão, mágoa, sei lá. Será que remédios vão mesmo me ajudar. Ritalina, estavigile, bromoprima, bupropriona, lítio. Who knows, who knows...

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Amor, Amar, verbos que não se conjugam mais.

Li Shakespeare, Camões, Drumond, Pessoa, Vinicius de Moraes...e acho que a culpa é deles! Sim, a culpa é dos poetas que escrevem tão bonito sobre o Amor e nos faz pensar nele como algo a ser conquistado, como algo essencial e intrínseco à Vida. A busca do Amor passa a ser maior que muitos outros projetos e então se você não o encontra, então há um pensamento velado, algo como "o que será que ela tem?". A culpa é de Camões que mentiu ao dizer que o Amor é ferida que dói e não se sente. Como não sentir algo que te deixa mal, que te deixa com os pensamentos atordoados cada vez que você vê um casal? Nando Reis captou melhor a essência ao dizer "Por que não eu?" e é essa a pergunta que toda mulher à procura de um grande Amor se faz...A culpa é de Shakespeare com seus finais trágicos, então o verdadeiro Amor termina em Tragédia? Então o que deveria ser Comédia se transforma em Drama? A culpa é do Roberto Carlos com as mesmas músicas todo fim de ano como se pudesse renovar o Amor com seu "como é grande o meu Amor por você". E quantas pessoas não se sentem mal com uma música tão linda? A culpa é dele por me fazer sentir tão mal com suas músicas tão boas. A culpa é daquela maldita marcha nupcial, que é tocada em todo casamento. A culpa é das novelas com seus amores impossíveis e finais felizes. A culpa é dos filmes com seus casais perfeitos e suas frases feitas. A culpa é do Dia dos Namorados que enfeita os shoppings e as ruas de corações. A culpa é do próprio Amor que deveria chegar até nós sem esforço, quando na verdade tudo vem com muito suor e muita lágrima. A culpa é de quem inventou a frase "não era pra ser" ou pior "ainda vai chegar à sua vez" ou mesmo "o que é seu tá guardado". Este ano vi todos os meus ex se casando, vi quase todas as minhas amigas se casando, ontem fui a um casamento. O que está errado? Será que sou tão ruim assim, tão incapaz de conseguir alguém para dizer "eu te amo" sinceramente? A culpa é de Vinicius que disse "que seja eterno enquanto dure" e tornou essa frase meu lema, meu carma e meu maior medo. A culpa é da insegurança, do medo, da raiva, da inveja que tenho às vezes de tantas situações. A culpa é minha, afinal. Por acreditar no Amor, por buscá-lo, por desejá-lo. Mas, enquanto ele não vem na forma do Outro, estou procurando-o em mim mesma. Amar a mim, preocupar comigo primeiro. Entendi o que é amor-próprio - estava faltando. A culpa é minha...Afinal.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Transtorno Bipolar, será?

É...começo a acreditar que a vida realmente nos prega peças. E das grandes! Convivi um bom tempo achando que eu tinha/tenho TDAH e agora na verdade estou recebendo um novo diagnóstico: TAB - Transtorno Afetivo Bipolar ou na nomenclatura antiga: Psicose Maníaco Depressiva. Estou bem cansada e sinto-me muito mal, com muitas coisas e com outras que nem sei explicar. Li um livro chamado "Uma mente Inquieta" um relato de uma psiquiatra que tem o transtorno e conta a sua história neste livro e todas as dificuldades pelas quais passou. Me identifiquei bastante com tudo aquilo, parecia até bem mais real do que só os esquecimentos, a falta de direção espacial e a falta de concentração que tenho todos os dias. Depois assisti a um filme chamado "O Solista" que conta a história de um esquizofrênico que estudava música na Julliard e acabou indo parar nas ruas por conta das crises que ele sofre frequentemente. Um jornalista tenta ajudá-lo e percebe no fim de que por maior que seja a vontade há variáveis que estão fora de controle e não se pode antecipar-se a elas. Já li "Nascido num dia azul" um relato intrigante, emocionante, ao mesmo tempo sensível e forte de um cara que tem a Síndrome de Asperger. Também participei de sessão em um CAPS (Centro de Atendimento Psicossocial), também fui para no Wassily Chuc, primeiro lugar que me confrontou com a dura realidade de quem sofre de transtornos mentais: policiais armados nas portas e um corredor que dá para as salas contendo grades. Isso mesmo: grades. Perguntei o motivo e me disseram "Por causa das crises, alguns aqui são bem agitados, não temos como controlar". Ouvi de um menino com TDAH de que o sonho dele era ler um livro até o final e depois conseguir contá-lo a outra pessoa, também li vários depoimentos sobre pessoas inteligentíssimas e que ao mesmo tempo não conseguem parar em um mesmo emprego por mais de 3 meses. Foi quando eu me dei conta de quanta dor ronda o próprio paciente, ciente de sua doença, e também da família, amigos e companheiros. Eu vi de perto e também pessoalmente milhares de sonhos frustrados e de momentos perdidos em crises de ansiedade, pânico, fobia e mania. E agora me dou conta com um pouco mais de clareza de como su abençoada por ter consciência de tudo o que me acontece e acontece ao meu redor, da minha capacidade intelectual, do meu esforço quase astronômico em sobreviver às minhas crises, anseios e ideias de projetos mirabolantes. Ao mesmo tempo de como posso realmente ser útil a essas pessoas, que sofrem tanto, se eu me permitir escrever um blog ou livro quem sabe? Para o outro entender, compreender, aceitar e principalmente repeitar essas mentes cujos neurotransmissores caminham por lugares diferentes e muitas vezes insistem nesses caminhos que não são muito aceitáveis na nossa sociedade. Gostaria de fazer Psicologia, mas o curso é integral, então estou pensando realmente em um mestrado nessa área. Quero ser alguém notável nessa área e sei que posso. O meu objetivo vai ser realmente o aprender a lidar com a dor. A dor de uma crise, a dor de uma família desestruturada por conta de um transtorno, a dor da perca de uma relação amorosa, a dor de não ser compreendida nem ouvida, a dor de sobreviver dia após dia, com ou sem medicação, com ou sem terapia, com ou sem os dois ao mesmo tempo. Lembro-me de uma das minhas primeiras sessões de psicoterapia em que eu me comparei a uma pessoa com deficiência nas pernas. As pessoas têm um certo "respeito / consideração" por deficientes físicos porque são deficiências visíveis aos olhos. Mas uma deficiência mental não é visível e quando alguém como eu que formou em uma excelente universidade e especializou em uma das melhores instituições do país, que tem um bom cargo no trabalho, carro e deu entrada no apartamento aos 26 anos, bom, fica um pouco difícil de perceber o sofrimento por trás de tantas prerrogativas de "sucesso". Então eu falei para a minha psicóloga que eu não queria que as pessoas me entendessem nem gostaria de ser diminuída em termos de capacidade ou mesmo que tivessem "dó" de mim, mas que era bastante difícil passar por tudo isso e eu tinha pressa, muita pressa de que tudo isso "fosse resolvido". Ela então me disse que o problema é que "eu sou uma pessoa sem perna querendo correr como se tivesse uma". Chorei muito nesse dia e foi nesse dia em que eu aceitei a minha condição, passei a entender as minhas limitações e principalmente a confiar e abusar dos meus pontos fortes. Afinal, se ninguém é perfeito, as "imperfeições" postas pelos transtornos mentais (sejam eles quais for) na verdade podem ser vistos como uma "falta de habilidade" em algum ponto específico. Então ninguém precisa entender efetivamente os reais motivos de eu não entender planilhas, demorar para entender piadas, números e decorar telefones ou endereços. Ou mesmo porque eu sempre me perco no shopping ou nunca sei onde estacionei o carro, pior: sair deixando as chaves dentro do carro ou os faróis acesos. Depois, minha terapeuta, a Dra. Leila, disse simplesmente "Você tem que tocar nessa perna, sentir como ela é, depois colocar uma prótese ou andar de muleta e devagar, aos poucos, você vai aprendendo a andar, você pode até cair, mas daqui a pouco você está correndo! Talvez não da forma e não com a mesma velocidade de uma pessoa 'normal', mas você vai ter aprendido a lidar com isso e vai correr". Aí eu entendi o processo da coisa toda. Aprender a lidar, ficar de pé, andar e depois correr, ou seja: paciência, dedicação e determinação para chegar lá. Agora quanto a eu ser bipolar ou ter TDAH, pouco importa. O processo será o mesmo: cheio de dor e cheio de vitórias se eu quiser. Se eu correr atrás disso.

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Maldito seja o TDAH!

Estou triste hoje, tão triste que a dor parece não caber no peito. Tenho vontade de gritar, mas tenho tentado me conter para que a dor não beire ao insuportável. Tenho tentado suportar esta vida estável em meio a tanta instabilidade. Manter-me no mesmo emprego, manter-me com o mesmo namorado, terminar os projetos que comecei, não ter crises. Às vezes sinto que nem sou mais eu mesma...Estive namorando mas para não variar ele me traiu e eu acabei terminando não por despeito, mas por buscar uma certa dose de respeito. Um homem mais velho, o dobro da minha idade, então eu fico me perguntando se de fato não estava procurando mais afeto do que paixão. Talvez algo mais próximo a uma amizade gostosa ao invés de uma paixão vulcânica. Meu ex-namorado está noivo e feliz. Meu coração este ano bateu pela pessoa errada e esta pessoa agora está feliz gritando aos quatro cantos e quase pedindo para as pessoas retwitarem a sua felicidade. Amor agora deixou de ser íntimo para se tornar público. Deixou de ser encontro pessoal para ser cada vez mais virtual. E falar de Amor parece algo tão batido neste mundo louco que nem mais dizer o que é, talvez porque não o sinta há muito tempo. Quase deixei meu emprego, estava enlouquecendo fazendo coisas e lidando com pessoas desalinhadas com a minha lógica. Montei uma empresa e agora estou fechando-a para ser gerente de marketing de uma Rede de restaurantes em fase de expansão nacional. E eu que sempre quis ser grande, de fato, estou me sentindo tão pequena...tão só, tão perdida, tão confusa. Àsvezes tenho vontade de morrer, outras de sumir como diz minha mãe. Acho que estou cansada de tentar lutar contra todas as perturbações que o TDAH me traz. Me sinto emocional, intelectual e fisicamente cansada, é como se eu não tivesse mais forças para suportar. É como se eu estivesse remando contra uma violenta correnteza e estivesse perdendo a fé. Em tudo e em todos, inclusive em mim mesma. Hoje tivemos que demitir dois funcionários, nunca passei por isso. Foi dolorido, exaustivo, talvez também porque eu tenha sofrido tantas vezes e tenha visto tantas vezes esta mesma cena comigo. É sempre a mesma coisa: eles te chamam numa sala, muitas vezes a mesma em que você foi contratada, e então expõem motivos e de uma hora para outra você simplesmente não está mais na empresa - mesmo que tenha dado o seu sangue. São tantos desafios para o ano que vem! Agora estaremos com uma agência de propaganda fazendo este serviço que era interno, terei meu braço direito e serei o braço direito do meu diretor - uma pessoa fantástica a quem eu tenho uma gratidão tão grande que às vezes me pergunto se isso não beira à loucura. Talvez porque mesmo que ele não saiba, ele me salvou. De crises, de um mundo de fantasmas, de projetos inacabados, de traumas por tantas demissões, de mim mesma. Me entendeu, teve humanidade suficiente para compreender os meus limites e não me diminuiu por isso. Agora estou aqui, sentada nesse imenso vazio desta empresa, me sentindo tão só e mais só ainda por dentro. Serão muitos desafios e eu sofro antecipadamente por tanta responsabilidade. Ao mesmo tempo uma oportunidade de reposicionar e posicionar uma marca, ganhando credibilidade profissional. Mas de que adianta tanta credibilidade se meu coração ainda hoje sofre? Não entendo por quê, queria perguntar a Deus que raios de vontade é essa de não sei o quê, de fazer não sei o quê e sentir não sei o quê. Acho que quando se está perto dos 30 tendemos a sentir mais falta de alguém ao lado para dormir junto, fazer um carinho ou contar as coisas do dia. Tenho saudade de um tempo em que andei de mãos dadas, cumprimentava com um selinho e dividia um pão à tarde. Tenho saudade de um riso, de uma ligação, de receber uma mensagem, ouvir eu te amo...Será esta a fase de intersecção entre a genialidade e a loucura? Talvez. Incógnita: assim sempre foi a minha vida. Estou triste, muito triste e não sei bem dizer por quê, só sei que sinto e dói. Só sei que dá vontade de chorar, mas talvez por já ter chorado tanto e tantas vezes as lágrimas me faltem. Não consigo chorar nem sorrir, nem animar nem desesperar. Tudo ficou imparcial, meu ser se tornou indiferente e o mundo virou commoditie. ..Sim, meu coração está aos pulos, minha mente dói, tenho vontade de dormir mas quando fecho os olhos não sonho. Também perdi os sonhos, meus momentos de fuga, perdi os pontos de tensão do meu próprio desenho, não reconheço mais meu próprio corpo. Estou gorda, com espinhas, cansada e feia. Mas as pessoas ao meu redor dizem que estou linda. Um rapaz daqui do trabalho me chama de "Bela". Que beleza ainda tenho? Minhas rugas estão aparecendo, mas mais fortes que estas rugas externas estão sendo as cicatrizes internas, do meu coração. É bem difícil viver no século XXI. Queria ter nascido no século XIX, é isso. Acho que é isso...

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O fim da montanha-russa amorosa de uma DDAHI.

Então, depois de passar um tempo aqui sem escrever volto para dizer de um fardo que tirei das minhas costas: conversei com aquele que pensei que seria um anjo descido dos céus e percebi que ele, na verdade, não é assim uma Brastemp, não é essa Coca-cola toda, nem a última bolacha do pacote. Percebi, por fim, que a minha carência estava tão grande que não pude perceber isso e ao invés de me amar e de escolher, aceitei me machucar e me desesperei sem ter por quê. Fiz uma oração e um pedido de desculpas de um longo parágrafo, que foi respondido com uma linha curta. E sem a resposta do pedido de desculpas...Era esse mesmo o cara que eu pensei ser a última gota de água do Saara? Estou decepcionada comigo e decepcionada por não perceber que toda a minha vida amorosa não tem me trazido coisas boas simplesmente por conta do meu comportamento. Uma leitora minha sugeriu que eu lesse "Por que os homens amam as mulheres poderosas", no começo eu ri, achei graça e pensei "nunca leria um livro com um título desses". No entanto fui à livraria e lá estava o livro,em pé, na porta de entrada me chamando como um aviso, como um sinal. Acabei comprando-o e o achei absolutamente incrível, verdadeiro e que veio de encontro ao que estou passando profundamente. Muito obrigada por sua indicação, Melissa! Lá fala de todos os erros que cometemos sem perceber, o que falamos, como lidamos, como nos movemos em geral e como os homens querem no fundo que ajamos. Tive uma discussão também profunda com minha psicóloga a respeito. Entendi o afastamento do "anjo descido dos céus", o fato do Samy ter rompido nosso noivado e de tantos outros que me deixaram para ter algo sério com outra pessoa. O problema esá resumido em uma palavra que tirei de uma conversa agradabilíssima entre amigas: Postura. Ter postura é escolher antes de atacar para todos os lados, é não ser tão fácil e tão disponível, ter paciência para as coisas acontecerem, ser um "desafio mental" para o homem acreditar que está diante de alguém realmente "especial", é aquela coisa da caça e do caçador, quanto mais difícil maior o desafio e melhor a recompensa, além de mais duradoura. É não responder de imediato, não estar sempre pronta para qualquer pedido e a qualquer hora, não reclamar já na primeira semana nem fazer jantar a luz de velas antes do primeiro mês, muito menos fazer tudo já no primeiro dia. Porque assim acaba o desafio, não há nada a se descobrir, não há mistério. Como disseram minhas amigas "é clichê, mas é verdade". Portanto tenho errado a medida das coisas, agindo com extrema intensidade, facilidade e disponibilidade. Achava que estava demonstrando dedicação, quando na verdade estava me desvalorizando e tornando públicos minha carência, desespero, ansiedade e insegurança. Justo eu que me via como uma mulher poderosa...Agi sem poder nenhum. Homens gostam de mulheres decididas, que tem vida própria, que fazem escolhas que lhes convém, que usam do humor para safar de crises, que não corre atrás feito um "cahorrinho domesticado" e que se dá o valor, que sabe o momento de ceder e de dizer "não" firme e educadamente. Errei feio no jogo de sedução, por isso que não tenho parado com ninguém. A questão não é que não sou interessante, sou muito interessante! Sou inteligente, linda e de um papo ótimo. Faltou eu mesma acreditar nisso e ter essa postura auto-confiante, segura, determinada. É a coisa do amor-próprio que ficou em último plano, quando deveria estar no primeiro. Por que quem gostaria de ter um chiclete que faz tudo e a qualquer hora ao lado? Não tem graça, a qualidade cai e o reconhecimento é anulado. Daí não me verem como alguém para ser "levada a sério". Então eu perguntei: mas então tenho que deixar de ser eu?!? Minha amiga riu e disse: "você nunca vai deixar de ser você, mas você tem que ter auto-controle (então fico imaginando como alguém com TDAH vai ter auto-controle!) e segurar mesmo, esperar mais, senão não valoriza. Você é muito, muito intensa e isso assusta, afasta. Ainda tem toda a coisa de você ser ansiosa, da insegurança, da intensidade. Sou sua amiga e estou sendo sincera com você, te conheço há muito tempo e você não tem agido como alguém que ter algo sério". A outra amiga completou: "Eu mesma gosto muito de picuinha, mas me seguro para não ter confusão com namorado, seguro para não ligar toda hora, porque sei que isso não vai levar a nada. Coloca um estereótipo sabe? E não aceita menos do que isso, pensa em alguém que você queira, coloca isso na sua cabeça e não abre mão. É uma coisa de determinar, assim como você fez com seu trabalho. No dia que você resolveu mudar e ter postura as coisas mudaram. Vai ser assim também na vida pessoal". Quase chorei. Aí ela falou de como eu impressiono as pessoas, do quanto eu falo bem da minha profissão e o quanto as pessoas confiam no que eu digo. Aí ela emendou "Por que você não fala bem assim de você?" e eu friamente tive que responder "Porque a imagem que eu tenho de mim não é boa. Sou frustrada comigo mesma por não conseguir lidar com isso e não tenho boas coisas para falar de mim, ao contrário do meu trabalho". Foi uma noite e tanto! Depois comentei de um menino que veio atrás de mim e elas "Tá vendo? Eles já se acostumaram com isso. Vou ligar pra ela porque sei que ela vem". É triste...e pela primeira vez deixei alguém esperando sem correr atrás feito um cachorrinho domesticado (muito obrigada por me ajudarem no primeiro não meninas). Também decidi que é o momento de mudar. Muito seriamente, senão estarei sempre postando desabafos quando na verdade deveria estar postando alegrias. Vou ter que concordar com a frase que me foi respondida ao pedido de desculpas "acredite em Deus e nunca desista de encontrar a sua felicidade" e felicidade aqui significa parar as engrenagens da montanha-russa amorosa típica de quem tem TDAH. Questão de escolha e de postura. Então é isso: Eu me escolho antes de qualquer opção.