sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Maldito seja o TDAH!

Estou triste hoje, tão triste que a dor parece não caber no peito. Tenho vontade de gritar, mas tenho tentado me conter para que a dor não beire ao insuportável. Tenho tentado suportar esta vida estável em meio a tanta instabilidade. Manter-me no mesmo emprego, manter-me com o mesmo namorado, terminar os projetos que comecei, não ter crises. Às vezes sinto que nem sou mais eu mesma...Estive namorando mas para não variar ele me traiu e eu acabei terminando não por despeito, mas por buscar uma certa dose de respeito. Um homem mais velho, o dobro da minha idade, então eu fico me perguntando se de fato não estava procurando mais afeto do que paixão. Talvez algo mais próximo a uma amizade gostosa ao invés de uma paixão vulcânica. Meu ex-namorado está noivo e feliz. Meu coração este ano bateu pela pessoa errada e esta pessoa agora está feliz gritando aos quatro cantos e quase pedindo para as pessoas retwitarem a sua felicidade. Amor agora deixou de ser íntimo para se tornar público. Deixou de ser encontro pessoal para ser cada vez mais virtual. E falar de Amor parece algo tão batido neste mundo louco que nem mais dizer o que é, talvez porque não o sinta há muito tempo. Quase deixei meu emprego, estava enlouquecendo fazendo coisas e lidando com pessoas desalinhadas com a minha lógica. Montei uma empresa e agora estou fechando-a para ser gerente de marketing de uma Rede de restaurantes em fase de expansão nacional. E eu que sempre quis ser grande, de fato, estou me sentindo tão pequena...tão só, tão perdida, tão confusa. Àsvezes tenho vontade de morrer, outras de sumir como diz minha mãe. Acho que estou cansada de tentar lutar contra todas as perturbações que o TDAH me traz. Me sinto emocional, intelectual e fisicamente cansada, é como se eu não tivesse mais forças para suportar. É como se eu estivesse remando contra uma violenta correnteza e estivesse perdendo a fé. Em tudo e em todos, inclusive em mim mesma. Hoje tivemos que demitir dois funcionários, nunca passei por isso. Foi dolorido, exaustivo, talvez também porque eu tenha sofrido tantas vezes e tenha visto tantas vezes esta mesma cena comigo. É sempre a mesma coisa: eles te chamam numa sala, muitas vezes a mesma em que você foi contratada, e então expõem motivos e de uma hora para outra você simplesmente não está mais na empresa - mesmo que tenha dado o seu sangue. São tantos desafios para o ano que vem! Agora estaremos com uma agência de propaganda fazendo este serviço que era interno, terei meu braço direito e serei o braço direito do meu diretor - uma pessoa fantástica a quem eu tenho uma gratidão tão grande que às vezes me pergunto se isso não beira à loucura. Talvez porque mesmo que ele não saiba, ele me salvou. De crises, de um mundo de fantasmas, de projetos inacabados, de traumas por tantas demissões, de mim mesma. Me entendeu, teve humanidade suficiente para compreender os meus limites e não me diminuiu por isso. Agora estou aqui, sentada nesse imenso vazio desta empresa, me sentindo tão só e mais só ainda por dentro. Serão muitos desafios e eu sofro antecipadamente por tanta responsabilidade. Ao mesmo tempo uma oportunidade de reposicionar e posicionar uma marca, ganhando credibilidade profissional. Mas de que adianta tanta credibilidade se meu coração ainda hoje sofre? Não entendo por quê, queria perguntar a Deus que raios de vontade é essa de não sei o quê, de fazer não sei o quê e sentir não sei o quê. Acho que quando se está perto dos 30 tendemos a sentir mais falta de alguém ao lado para dormir junto, fazer um carinho ou contar as coisas do dia. Tenho saudade de um tempo em que andei de mãos dadas, cumprimentava com um selinho e dividia um pão à tarde. Tenho saudade de um riso, de uma ligação, de receber uma mensagem, ouvir eu te amo...Será esta a fase de intersecção entre a genialidade e a loucura? Talvez. Incógnita: assim sempre foi a minha vida. Estou triste, muito triste e não sei bem dizer por quê, só sei que sinto e dói. Só sei que dá vontade de chorar, mas talvez por já ter chorado tanto e tantas vezes as lágrimas me faltem. Não consigo chorar nem sorrir, nem animar nem desesperar. Tudo ficou imparcial, meu ser se tornou indiferente e o mundo virou commoditie. ..Sim, meu coração está aos pulos, minha mente dói, tenho vontade de dormir mas quando fecho os olhos não sonho. Também perdi os sonhos, meus momentos de fuga, perdi os pontos de tensão do meu próprio desenho, não reconheço mais meu próprio corpo. Estou gorda, com espinhas, cansada e feia. Mas as pessoas ao meu redor dizem que estou linda. Um rapaz daqui do trabalho me chama de "Bela". Que beleza ainda tenho? Minhas rugas estão aparecendo, mas mais fortes que estas rugas externas estão sendo as cicatrizes internas, do meu coração. É bem difícil viver no século XXI. Queria ter nascido no século XIX, é isso. Acho que é isso...

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