quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Tristeza, por favor vá embora, minha alma que chora...

...Sinto dores no corpo, cabeça, tronco e membros. Sinto o mundo com todo o seu peso em meus ombros, meus olhos teimam em virar para baixo, as pernas latejam. Tenho preguiça de tirar a roupa, olho para o banheiro e mesmo sabendo do bem que faz um banho quente, nem isso tenho vontade de fazer. Então eu deito, suja, e vejo o teto girar sobre a minha cabeça. Tenho pesadelos e não consigo dormir direito, uma nuvem negra paira no ar. Uma sensação estranha de morte, de querer morrer, de querer sumir, de querer que amanheça logo para que eu possa trabalhar e fique até bem tarde para esconder a minha ansiedade, minhas raivas, minhas dores, minhas frustrações. No noticiário, enchentes. Nas ruas, o barulho insuportável dos carros. No trabalho, o burburinho dos dedos nos teclados. E hoje passei o dia ouvindo músicas evangélicas, recebi mensagens de Deus, acho que minha colega de sala deve sentir um pouco do meu peso e de como meu comportamento afeta o ar, todo o clima daquela sala. Todos me abandonaram e eu tenho raiva de todos, queria que todos estivessem mortos ou queria nunca tê-los conhecido ou mesmo ter tido um acidente de forma que eu não lembrasse de absolutamente nada do passado e então pudesse viver como se tivesse acabado de nascer. Mas não...as imagens sempre voltam, como flashes, como vultos. São meus carmas. Não consigo controlar a minha mente que vagueia em busca de algo que eu nem mesmo sei o que é. Às vezes me sinto tão bem, às vezes me sinto tão mal. Hoje a minha colega, a das músicas evangélicas, disse que nunca sabe quando falar comigo porque eu vario muito de humor. Aquilo acabou comigo, não pensei que fosse tão claro para outras pessoas. Achei que eu conseguia esconder dos outros o que tento esconder de mim mesma. Eu tenho vergonha de mim e tenho vergonha da forma como penso e tenho medo da crueza e crueldade de meus próprios pensamentos e sensações. Ao menos na terapia eu posso ser eu mesma e posso extirpar todos os meus temores, todas as minhas dúvidas, todas as minhas mágoas. Não choro mais, as lágrimas secaram com tanto sofrimento, não sinto dor nem amor. Na verdade sou uma estranha de mim mesma, não me entendo e não sei lidar comigo. Não sei como lidar com essa coisa que toma conta do meu corpo, da minha mente e das minhas emoções como num passe de mágica. E no mesmo passe de mágica sou o bobo da corte e a Fera. Às vezes sinto como se fosse duas pessoas ao mesmo tempo. Minha respiração sai difícil, meu coração de repente dá uns pulos, melhor dizia ser uns socos, fortes, rápidos e intensos. Chega a doer e me faz tentar concentrar na própria respiração. Não me sinto segura, tenho medo de olhar para baixo daqui do meu quinto andar e não conter ao desejo de pular. Chego a imaginar meu corpo estatelado no chão, o sangue, alguém da família me encontrando, então eu vejo meus pais e meus irmãos chorando. Num átimo volto à realidade, sinto um enjoo no estômago e toda a vontade de me jogar da janela some. Jamais faria algo que trouxesse o mínimo que fosse de tristeza à minha família, minha base, meu tudo. Estou tentando sobreviver, está bem difícil. Alguém, por favor, me dá uma luz! Deus, me ajuda, por favor. Não aguento mais tanta dor, tantos questionamentos, tanto vazio, solidão, mágoa, sei lá. Será que remédios vão mesmo me ajudar. Ritalina, estavigile, bromoprima, bupropriona, lítio. Who knows, who knows...

Um comentário:

  1. Dóris, sei o que se passa com você. Acredite, não é muito diferente de milhares de pessoas nesse instante. No entanto, é preciso que você tenha acompanhamento terapêutico(psicologo) e psiquiátrico (através de psicoterápicos. Tenha paciência consigo, e procure ajuda desses profissionais acima mencionados. Somente assim sua vida mudará para melhor. Saiba que eu vivi muitos anos dessa forma, até aceitar ajuda médica. Deus te ilumine e te proteja.

    ResponderExcluir